Home Futebol Um dos jogadores que mais vestiu a camisa do Brusque, João Neto troca as chuteiras pelas tesouras enquanto aguarda uma proposta

Um dos jogadores que mais vestiu a camisa do Brusque, João Neto troca as chuteiras pelas tesouras enquanto aguarda uma proposta

João Neto Sena, o João Neto, um dos jogadores que mais vezes vestiu a camisa do Brusque FC tem tido nos últimos dias uma rotina bem diferente da qual está acostumado nos campos de futebol.

por Sidney Silva
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Jogador carismático de forte ligação com o Brusque. Amado por uns, odiado por outros. João Sena  Alves Neto, o João Neto, um dos jogadores que mais vezes vestiu a camisa do Brusque FC tem tido nos últimos dias uma rotina bem diferente da qual está acostumado nos campos de futebol.

Os gramados do Augusto Bauer agora deram lugar a um pequeno salão na cidade de Itabuna, terra natal do jogador, enquanto as chuteiras, hoje foram trocadas por afiadas tesouras.

Há quase três meses sem jogar, o lateral-direito revelado pelo Bruscão arranjou uma outra forma de ganhar a vida. Ele, que sempre ficou marcado por cortes irreverentes, resolveu fazer do hobby também uma forma de sobrevivência. “Foi a melhor forma que achei de ganhar dinheiro dignamente”, conta o atleta.

João Neto revela que já tinha a ideia de montar um salão há alguns anos, mas como nunca havia ficado em casa por mais de um mês o desejo acabou não vingando. A ideia só foi colocada em prática após o atleta deixar o Operário de Mafra em razão de problemas salarias. 

O detalhe é que ele mesmo cuidou de tudo, desde a personalização própria da fachada do lugar ao interior do estabelecimento (ver imagens abaixo). “(Cortar cabelos) é uma coisa que eu gosto muito de fazer e como eu já estava sem receber e não tinha como ir para outro time, pois já estava no final de todas as competições, agora deu certo”, revela.

Veja abaixo a entrevista na integra com o atleta.

ESPORTESC – Qual balanço faz da sua temporada em 2016?

João Neto (JN) – A minha temporada 2016 não iniciou bem, pois eu lesionei o púbis no Brusque, o que me impossibilitou de jogar o primeiro turno do Estadual. Me recuperei e em seguida fui para o Operário de Mafra. E lá foi uma das minhas melhores regularidades em jogos, fechando assim minha temporada 2016.

ESPORTESC – O que fez com que não permanecesse no Brusque para Série D?
JN – Ao acabar o Estadual, o Brusque me fez a proposta de permanência, sendo que para permanecer no Brusque reduziria o salário para um pouco menos da metade. Foi onde eu tinha proposta do Itabaiana (SE) e por esse motivo não renovei com o Brusque. Mas as coisas não se encaminharam como deveria, isso com relação ao Itabaiana, e fui parar no Operário de Mafra.

ESPORTESC – Como foi essa experiência no Operário de Mafra?
JN – No Operário de Mafra foi como eu falei. Mantive uma boa regularidade de jogos, jogando em alto nível graças a Deus. [nota da redação: João Neto foi escolhido pela crônica esportiva como o melhor lateral-direito da competição]. Pena que as coisas no Operário não andavam. Falta de planejamento, desorganização. Não tínhamos tranquilidade para trabalhar. Mas mesmo com todas as dificuldades nosso grupo de jogadores era muito bom. Detalhe, saímos de lá com mais de três meses de salários atrasados.

ESPORTESC – Como surgiu a ideia de montar um salão de cabeleireiro?

JN – A ideia do salão eu já tinha em mente fazia alguns anos. Mas como eu nunca tinha ficado aqui em casa, ou seja, na Bahia por mais de um mês, não tinha como abrir. É uma coisa que eu gosto muito de fazer e como eu já estava sem receber e não tinha como ir pra outro time, pois já estava no final de todas as competições, foi a melhor forma que achei de ganhar dinheiro dignamente.

ESPORTESC – Como tem sido a experiência e como pensa em conciliar isso com o futebol?

JN – O salão funcionará assim: enquanto não aparecer time o salão estará aberto. A partir do momento que aparecer um time eu fecho o salão aqui na Bahia e vou para o clube, pois a prioridade é jogar futebol, que é o que eu faço de melhor. Sou um bom cabeleireiro, mas prioridade para mim é o futebol.

ESPORTESC –  Como é para o atleta conviver com essa dificuldade de acabar ficando sem calendário em alguns meses do ano?

JN – Eu nunca tinha ficado parado mais de um mês. Essa é a primeira vez, mas isso ocorreu por que eu sai do Operário antes de acabar a Série B por causa do salário atrasado. É complicado para os jogadores que estão em times pequenos, que não têm calendário o ano todo e é obrigado a ficar parado.

ESPORTESC –  Quais os planos para o futuro, na bola e dentro do salão?

JN – Penso em jogar futebol por muito tempo. Pois eu acho que estou em minha melhor fase. Agora estou muito bem fisicamente e muito maduro. O salão penso em priorizar só quando eu parar de vez com o futebol.