O acesso à Série A do Campeonato Catarinense e a conquista do título da Série B marcaram a retomada do Carlos Renaux em 2025. O clube mais antigo de Santa Catarina voltou ao topo depois de décadas de espera e vive agora um momento histórico, mas também de grandes desafios. No dia 31 de agosto, o Renaux venceu o Camboriú por 2 a 0 no Augusto Bauer e levantou a taça da Série B. Foi o primeiro título estadual desde 1953 e a primeira final desde 1958, quando foi vice-campeão da elite.
Em entrevista exclusiva ao EsporteSC, o presidente Altair Heck, o Taíco, falou sobre o futuro do Vovô, os bastidores da conquista e a polêmica em torno do estádio Augusto Bauer.
Do amador ao título estadual
Taíco lembrou que sua relação com o Renaux começou antes mesmo do retorno ao futebol profissional. “Comecei em 2017, no Amador. Depois assumi o Sub-20, em 2018, quando fomos vice-campeões, e mais tarde toquei o profissional. Sempre estive dentro desse processo de reconstrução do clube”, conta.
Para ele, o sucesso de 2025 começou muito antes da Série B. “Já em janeiro, quando montamos o time sub-20, que depois virou sub-21, percebi que tínhamos encaixado. O resultado histórico não surgiu do nada, mas do trabalho iniciado lá atrás”.
O impasse do estádio Augusto Bauer
Falando de futuro, o ponto mais delicado envolve o gramado sintético do Estádio Augusto Bauer. No dia 17 de agosto, o presidente da Federação Catarinense de Futebol (FCF), Rubens Angelotti, em entrevista à Rádio Cidade, afirmou que o estádio será interditado pela FCF e pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), após a disputa da Copa SC, já que o gramado sintético não possui o certificado da FIFA.
Taíco rebate. Para ele, existe exagero e desinformação. “Falam em um investimento de R$ 4 milhões, mas o orçamento real que tenho é de R$1,8 milhão. Esse gramado é o mesmo do estádio do Palmeiras, pelo menos é o que nos foi passado lá atrás, e já foi instalado há dois anos. Se não tivesse condições, o Brusque não teria jogado a Série B do Brasileiro aqui. Foram feitos todos os laudos”, afirma.
A manutenção mensal de R$ 18 mil é outro impasse. “Não temos condição de pagar. Isso dá mais de R$ 200 mil por ano. Não vamos assumir esse valor, até mesmo porque a gente ainda não tem a nota fiscal da grama, não temos a nossa garantia. Mesmo assim, o gramado está apto, e não existe a possibilidade de jogarmos fora de Brusque”, garante o presidente.
Ainda assim, ele admite que alternativas estão em discussão. Voltar à grama natural é uma delas, mas seria, segundo ele, um retrocesso. “Seria uma tragédia. Todo nosso projeto foi feito em cima do sintético, inclusive para receber eventos e shows”.
O presidente explica ainda que o clube tem atuado junto aos permutantes e à Soccer Grass, responsável pela venda e instalação do gramado do Augusto Bauer, para resolver todas as pendências. Mesmo o clube ainda não tendo recebido a garantia da grama, ele reforçou que confia nos parceiros e acredita que o material instalado atende aos padrões necessários para receber jogos oficiais.
“O que posso dizer é que confio totalmente nas pessoas com quem negociamos e na Soccer Grass. São parceiros sérios, e não imagino que colocariam um gramado inferior ao necessário para disputar qualquer campeonato”, afirmou o dirigente.
Estilo de gestão: “o clube é uma empresa”
Além do gramado, outro desafio será manter o Renaux competitivo na elite sem comprometer as finanças. Taíco destaca que o segredo da campanha vitoriosa foi a forma de gestão. “Sempre digo que o Renaux é uma empresa. Não estamos aqui para fazer loucuras. Tudo o que conquistamos até hoje foi com seriedade e pouco recurso. Fizemos muito com pouco, e sempre de forma transparente.
Da base para a torcida
Um dos pilares do projeto é o investimento na formação de atletas. Hoje, cerca de 300 jovens participam dos núcleos mantidos pelo Renaux em diferentes bairros de Brusque. A conexão entre base e torcida ficou evidente na reta final da Série B. Mais de duas mil pessoas lotaram o Augusto Bauer, um contraste enorme com os poucos torcedores que acompanhavam os jogos em 2018, quando o Vovô retornou ao profissional.
O futuro do Vovô
Agora, o clube se prepara para novos desafios. Em 2026, estará na Série A ao lado dos principais times do estado, e ainda em 2025 disputa a Copa Santa Catarina, que pode render vaga na Copa do Brasil ou na Série D do Brasileiro. Taíco aposta no momento histórico para atrair novos investimentos. “Sem receita, não existe futebol. Estamos abertos tanto para grandes quanto para pequenos apoiadores. Queremos aproveitar essa fase para consolidar o Renaux na elite.”
Foto: Rafael Alves/EsporteSC