Brusque terá no próximo mês um representante no cenário internacional das artes marciais. O atleta Paulo Costa disputará o Campeonato Sul-Americano de Kickboxing, que acontece de 20 a 28 de outubro, em Cusco, no Peru. Integrante da seleção brasileira da modalidade, o brusquense busca o bicampeonato continental e conta com o apoio da comunidade.
Com mais de três décadas de dedicação às artes marciais, Paulo carrega uma trajetória vitoriosa. “Eu treino kickboxing há 35, quase 36 anos. Comecei em 1989, no Rio Grande do Sul, e desde então sigo no tatame. Também sou faixa preta de karatê e há 18 anos dou aulas dessas modalidades em Brusque”, destaca o atleta.
Conquistas expressivas
Paulo voltou a competir em alto nível em 2017 e desde então coleciona títulos. Foi campeão catarinense e, a partir de 2019, passou a se destacar no circuito nacional, conquistando o título brasileiro em 2019, 2021, 2022, 2023, 2024 e 2025. No cenário internacional, soma os títulos sul-americano em 2021 e o pan-americano em 2022.

Em 2023, uma cirurgia de emergência o afastou da disputa do Sul-Americano. No ano seguinte, conquistou o vice no Pan-Americano. Agora, em 2025, volta a ter a chance de disputar o continental. “Esse ano consegui o título da Copa Catarinense, fui campeão brasileiro novamente e sigo na seleção. O Sul-Americano vai reunir atletas de 12 países e vou em busca do bicampeonato”, afirma.
Desafio fora do tatame: custos da viagem
Se dentro do ringue Paulo mostra disciplina e resultados, fora dele o desafio é outro: arcar com os altos custos de competir internacionalmente. Segundo o atleta, a participação no campeonato em Cusco está orçada entre R$ 10 e 12 mil.
“Só a inscrição custa cerca de 2.500 reais, porque é em dólar. Passagens e alimentação já consegui, mas ainda preciso de cerca de R$ 6 mil para cobrir despesas de hotel e inscrição”, explica.
Paulo conta com o bolsa atleta da Prefeitura de Brusque, mas ressalta que o benefício mensal não cobre todas as despesas de competições nacionais, estaduais e internacionais. “Sem a bolsa eu nem teria condições de competir. Mas, para eventos internacionais, os custos são muito altos. A gente precisa desse apoio extra”, reforça.
Apelo por mais incentivo
O atleta aproveita a oportunidade para levantar um debate sobre o incentivo ao esporte em Brusque. “O que me entristece é ver o pouco apoio dos empresários locais. Patrocínios para festas e eventos não faltam, mas para o esporte ainda existe resistência. Temos potencial enorme, já formamos campeões brasileiros e internacionais, mas falta esse incentivo para crescer”, desabafa.
Apesar das dificuldades, Paulo segue como referência do kickboxing em Santa Catarina e no Brasil. “O Estado está sempre entre os cinco primeiros do país no Brasileiro e já conquistou mais de 15 títulos internacionais. Brusque tem atletas de alto nível, mas precisamos de mais apoio para transformar esse potencial em resultados ainda maiores”, aponta.
Olhando para o futuro
Com passagens por campeonatos pan-americanos, sul-americanos e convites para etapas da Copa do Mundo de Kickboxing, Paulo segue projetando passos maiores, mesmo diante das barreiras financeiras. O Mundial de 2025, em Abu Dhabi, terá custo aproximado de R$ 30 mil — valor que torna inviável a participação do brusquense.
“Por isso, escolhi focar no Sul-Americano. É uma competição de altíssimo nível, com custo menor, e onde tenho a chance de buscar mais um título para Brusque e para o Brasil”, finaliza.
Brusque em destaque nas artes marciais
Além do kickboxing, Brusque também brilhou em outra modalidade no último fim de semana. No Campeonato Brasileiro de Taekwondo, realizado em Aracaju (SE), a cidade conquistou dois pódios: Zenair Barbosa foi campeã e Agenor Quirino ficou com o vice, ambos competindo na categoria Master, ela até 49kg e ele acima de 80kg.

Fotos: Atletas/divulgação