Por Rafael Alves e Sidney Silva
O Brusque Futebol Clube vive um momento decisivo na reta final de 2025. Na próxima terça-feira, 16 de dezembro, a partir das 18h, ocorre na Arena Brusque a eleição e posse dos novos membros do Conselho Deliberativo, etapa que define o comando administrativo do clube para os próximos anos.
O edital que regulamenta o pleito foi publicado em 18 de novembro e marca também o encerramento de um dos ciclos mais longos e influentes da história recente do Quadricolor, sob liderança do atual presidente Danilo Rezini, que ocupou cargos na gestão associativa entre 2008 e 2011 e de 2013 até agora.
Quem pode votar: entenda o que é ser sócio patrimonial
O ponto central da eleição — e também o mais restritivo — é que somente sócios patrimoniais podem votar ou inscrever chapa. Hoje, o Brusque possui entre 50 e 60 sócios patrimoniais ativos. Segundo o secretário do Conselho Deliberativo, Cristiano Rodrigues Lazarini. o sócio patrimonial é definido como uma pessoa que “contribuiu de forma relevante” para o clube ao longo de sua história. “São os membros do conselho. O Brusque, por exemplo, não tem título de sócio patrimonial à venda . Conforme o estatuto, são pessoas com contribuição formal ou pontual de serviços prestados ao clube. Atualmente entre 50 a 60 sócios patrimoniais têm direito a voto”.
Apesar de serem peças-chave na governança do clube, os critérios para se tornar sócio patrimonial não são claros. O estatuto do Brusque não define objetivamente quais são os “serviços relevantes” que habilitam alguém a integrar o grupo, nem estabelece tempo mínimo de contribuição ou regras detalhadas.
A reportagem ouviu conselheiros que afirmaram terem sido convidados diretamente pela diretoria, sem jamais terem recebido explicações formais sobre os critérios. A prática, segundo eles, é histórica: novas indicações normalmente partem da Diretoria Executiva, que sugere nomes ao Conselho. Cristiano destaca, porém, que existe a possibilidade de qualquer pessoa solicitar a inclusão, caso considere ter contribuído de forma significativa. O pedido é avaliado pela direção, mas não há garantias de aprovação.
Como funciona a eleição
A eleição do Brusque é realizada em duas etapas:
1) Eleição dos membros do Conselho Deliberativo
Na assembleia do dia 16, os sócios patrimoniais presentes escolhem e dão posse aos novos conselheiros.
2) Eleição da Diretoria Executiva
Logo após a posse, os próprios conselheiros se reúnem internamente para escolher:
- Presidente
- Vice-presidente
A dupla eleita, então, nomeia todos os demais cargos da gestão administrativa do Brusque FC.
O clube confirmou à reportagem que:
- Apenas sócios patrimoniais votam;
- Para inscrever uma chapa, é obrigatório ser conselheiro e sócio patrimonial;
- Em caso de chapa única, a escolha ocorre por aclamação, prática comum na história do clube.
Nenhuma chapa inscrita até agora
Apesar da proximidade da eleição, até o momento nenhuma chapa foi inscrita.
O presidente Danilo Rezini, que poderia tentar mais um mandato — o último permitido pelo estatuto — não manifestou oficialmente interesse e tampouco apresentou chapa. A reportagem tentou contato com Rezini ao longo da última semana, mas ele informou que estava em viagem e não se manifestou oficialmente.
Cristiano explica que o prazo legal para inscrição é de até 48 horas antes da eleição. Isso significa que o limite seria domingo (14), mas como cai em fim de semana, o prazo prático para registro se encerra na sexta-feira (12), durante o expediente da secretaria do clube. “Não é possível inscrever chapa no dia da eleição, mesmo que não haja nenhuma inscrita. O estatuto precisa ser respeitado”.
A ausência de chapas até agora reforça o histórico de eleições consensuais, em que um grupo é montado próximo da data e levado para aclamação pelos sócios patrimoniais.
Por que a eleição é tão restrita?
A explicação está no modelo estatutário herdado de décadas anteriores. A estrutura administrativa do Brusque não segue o modelo dos clubes de massa, em que milhares de associados votam diretamente para presidente.
O Brusque adota um formato mais parecido com clubes tradicionais do interior brasileiro, onde:
- Poucos sócios fundadores ou patrimoniais participam das decisões;
- A eleição é indireta (o Conselho escolhe o presidente);
- A renovação do quadro associativo é lenta e pouco transparente.
Na prática, o clube é administrado por um grupo pequeno, que se renovou pouco ao longo dos anos.



