Acostumado a lidar com grandes conquistas, sobretudo nos últimos anos, o Clube de Regatas do Flamengo sagrou-se, no fim de novembro, campeão mundial de Fut7 feminino. Aplicando um sonoro 9 a 4 sobre o Sassuolo, do México, a agremiação poliesportiva carioca levantou a taça diante de sua torcida, na final que foi disputada no Rio de Janeiro. O plantel vencedor do “Mais Querido” fez uma campanha irretocável, vencendo Corinthians duas vezes, Gol 7 (Colômbia), Elite e a equipe da América Central na decisão.
A esta altura, o leitor de EsporteSC pode estar questionando o motivo de um veículo estadual repercutir o título de uma equipe carioca de Fut 7. Bom, a resposta para isso é simples: ocorre que um pedacinho desta vitória está diretamente relacionada com a cidade de Brusque, já que três atletas e uma dirigente da cidade compuseram o elenco vencedor. São elas: as jogadoras Rafaela de Aquino, Eliane Schossler e Alice Tarter, além de Kamila Nere de Oliveira, integrante da diretoria do Fla Fut7. Todas elas possuem uma história consolidada na modalidade e, agora, alcançam o patamar mais alto de suas carreiras.
Com a palavra, as boleiras
Para Rafaela, receber a oportunidade de vestir a camisa de um dos maiores clubes do mundo foi uma explosão de sentimentos, sobretudo ao ver família, amigos e colegas orgulhosos pelas conquistas. A atleta explica que a alegria dividiu espaço com a grande responsabilidade que é vestir o manto rubro-negro.
“Quando criança eu sonhava em viver algo assim, mas com o passar dos anos esse sonho foi ficando cada vez mais distante. O Flamengo me proporcionou viver o melhor e maior momento da minha vida como atleta. Tivemos nossos jogos transmitidos pelo SporTV, o que foi um passo muito grande que a modalidade deu”, comenta a renomada jogadora brusquense em entrevista ao EsporteSC.
Foi na competição que Rafaela marcou seu primeiro gol pelo Flamengo. Além disso, realizou o sonho de estar perto de craques como Falcão, Léo Moura, Zé Roberto e Vassoura. “Eles estavam lá atuando na mesma quadra que nós, pelo masculino. Eu desejo que tudo isso que vivemos seja inspiração para as meninas mais novas que estão surgindo e que em breve eu possa ver mais rostos da cidade nas páginas de esporte e nas telas do SporTV”.
“Surreal”. Com este adjetivo a jogadora Alice Tarter resumiu o que é usar a camisa do rubro-negro carioca. Segundo ela, o time foi especialmente montado para fazer história, tendo êxito nesta missão, com uma campanha praticamente perfeita na competição mais importante da modalidade. “Cada uma ali deu seu melhor, entregou sua melhor versão. O resultado não poderia ser outro. Somos campeãs mundiais”, comenta.
Alice ainda destaca o fato de a cidade de Brusque ter quatro atletas campeãs mundiais, o que, para ela, é um marco e merece ser reconhecido por todos. “Escrevemos nossa história no Fut7. Sobre a competição não tenho nem palavras para descrever. Foi algo fora do comum, dentro e fora de quadra. Algo realmente diferente de tudo que já vivi dentro do esporte. Grandioso como foi e é o Flamengo”, finaliza.
Eliane Schossler, companheira de equipe de Rafaela e Alice, disse que recebeu com muita surpresa o convite para integrar aquele que seria o primeiro time feminino de Fut7 do Flamengo. Para ela, a chance de representar o que considera o maior time do Brasil, conhecido mundialmente, é o sonho de qualquer atleta. “O grupo teve pouco tempo de treino junto, então fomos nos ajustando ao longo das competições que antecederam o Mundial. Todas sabiam da importância desse título. Trabalho em equipe e união comandaram esse desafio. Era uma lutando pela outra, superando as adversidades e obstáculos. Faltam palavras para descrever a tamanha importância desse título”, salienta.
Bastidores
Por trás dessa engrenagem perfeita dentro de quadra, o Flamengo Fut7 feminino conta com o trabalho árduo da dirigente Kamila Nere de Oliveira. Com uma história recheada de conquistas no futsal brusquense e, posteriormente, no Fut7, a jogadora foi convidada para compor a diretoria da equipe. O chamado veio no dia 29 de julho, dois dias após seu aniversário. “Eu nunca vou esquecer. O Christian [Rojas], gestor do Flamengo Fut7, me mandou uma mensagem me dizendo que estava montando o time feminino e que todo time precisava de um coração, e eu era ele, que não podia sem mim. Isso valeu tudo que tinha lutado até ali”, confidencia a atleta e, agora, gestora.
Hoje, sua principal função é garantir que a única preocupação de todas as meninas seja entrar em quadra e dar o seu melhor. “Sou responsável por toda a logística de torneios e pagamento das meninas. Não sou muito de guardar títulos na memória. Não é que não ligue, mas é porque não é do meu jeito. Mas esse último, que foi o Mundial no Rio, eu me senti parte de algo como nunca me senti na vida. Senti que aquele título era tanto meu como quem fez defesa ou gol e isso eu não troco por nada. Chorei como um bebê. Hoje tenho um futuro bem mais do que poderia imaginar no futebol. Sou muito feliz”, finaliza.