A estreia do Mountain Do Selva Amazônica surpreendeu os atletas que desbravaram a maior floresta tropical do mundo. Durante dois dias intensos, eles exploraram trilhas desafiadoras, imergiram nos sons da natureza e se encantaram com as belezas exuberantes da selva, vivenciando uma aventura extraordinária e inesquecível no estado do Amapá, no Norte do Brasil.
A prova reuniu mais de 500 atletas de vinte estados brasileiros, que se desafiaram em quatro distâncias: 63km (42km+21km) 42km (21km + 21km), 21km e 9km, na Fazenda Globo, em Porto Grande, no sábado (08) e na Fazenda Andina, em Macapá, no domingo (09).
Entre os participantes, 57,4% eram homens e 42,6% mulheres. Com roupas e acessórios apropriados para correr em ambiente selvagem, eles enfrentaram igarapés – pequenos riachos – galhos, troncos de árvores, vegetação densa e muita lama.
Os grandes campeões da primeira edição foram o catarinense Felipe Costa da Silva, de Tubarão, e a paranaense Letícia Saltori, de Curitiba. Eles conquistaram os 42km no sábado e os 21km no domingo, sendo coroados como o Rei e a Rainha da Selva, completando o Desafio 63km do Mountain Do.
“A energia da selva é incrível. A floresta mostra o poder e coloca a gente no lugar. Não foi brincadeira não, foram dois dias desafiadores, do jeito que o corredor de trilha gosta. Me senti muito segura o tempo todo, com muita gente nos acompanhando no percurso. Foi uma honra estar na primeira edição do Mountain Do Selva Amazônica”, explicou Letícia.
Felipe atribuiu a conquista ao trabalho que vem realizando e a dedicação de muitos anos, como atleta. “Eu estou muito feliz! Que experiência sensacional o Mountain Do me proporcionou! Corrermos em muita mata fechada, vários obstáculos, e num igarapé, teve até uma corda para gente atravessar, por causa da correnteza. É uma prova trail bem técnica, e lindíssima, com os dois percursos muito bem-sinalizados”, falou Felipe comemorando o título de Rei da Selva.
Na prova de domingo, os campeões dos 9km foram os Amapaenses, Carlos André Feitoza Leite, e Marluzia Machado. Já nos 21km masculino, o primeiro a cruzar a linha de chegada foi Igor Ribeiro Jardim, e no feminino, Lenita de Villa
Além das trilhas: O clima desafiou os atletas
Além do percurso desafiador, o clima úmido e quente foi um grande obstáculo para os atletas. Com sol nos dois dias e alguns intervalos com chuva, as temperaturas passaram dos 26 graus.
“Eu aproveitei todos os postos de hidratação que teve no percurso, e confesso que me senti um peixe, porque tudo quanto era poça, eu pulava. Fiz uma estratégia boa de hidratação, que me manteve bem nos dois dias. Não dá para brincar com isso”, relatou a rainha da Selva, Letícia Saltori, que também já venceu as provas do Mountain Do, etapas Costão do Santinho, em Florianópolis, Praia do Rosa (SC) e Atacama, no Chile.
As chegadas foram marcadas por lágrimas, abraços, gritos e pulos de alegria, beijos de casais que correram juntos, e de homenagens ao Rio Grande do Sul. Janice Bonfiglio chegou com a bandeira do estado e visivelmente emocionada.
“Foi mais um motivo para eu vir até aqui, porque levei mais de 24 horas para chegar ao Amapá. Foi a coisa mais louca que eu já fiz na vida. Uma prova muito legal, bem difícil como se esperava, e que valeu cada segundo essa experiência que tive na Selva”, relatou a atleta gaúcha.
O Mountain Do é uma marca brasileira, que nasceu em Florianópolis (SC), especializada nos desafios mais extremos pelo mundo, com edições realizadas em 12 países. Há 21 anos organizando provas em desertos, na altitude e na neve, a inédita prova para desbravar a Floresta Amazônica surgiu a partir de um convite do governo do Amapá.
“O turismo esportivo é um dos grandes eventos que o Amapá vem realizando, e com o Mountain Do estamos tendo a oportunidade de promover o estado em várias partes do mundo, gerando renda para a comunidade e trazendo pessoas para conhecer nossas belezas naturais e atrativos turísticos”, falou a Syntia Lamarão, secretária de Turismo do Amapá.
Segundo o diretor técnico do Mountain Do, “a etapa da Floresta Amazônica foi muito solicitada pelos europeus que já correm nossas provas. Acredito que o Mountain Do Selva Amazônica é uma das corridas mais difíceis do mundo, por ser a maior floresta tropical do mundo com muitos desafios pelo percurso e por ser uma sauna a céu aberto”, completou Kiko dos Santos.
Histórias de Superação
Gisele viajou do Sul até o Norte do país para buscar um pouco mais de vida. A corredora de 38 anos, tem apenas um pulmão, um rim, mas muitos motivos para viver, por isso escolheu os 9km do Mountain Do Selva Amazônica.
“Eu tive câncer na infância, e há dois anos meu médico me disse que o remédio para expandir meu pulmão que estava pequeno, era a corrida. Então comecei a participar das provas do Mountain Do, e toda vez que eu termino uma, eu ganho um pouco mais de vida”, destacou a curitibana que no ano passado correu o Mountain Do Fim do Mundo, no Usuhaia, na Argentina.
Seu Antônio Mendes de Moraes, de 87 anos, já é conhecido por muitos corredores que fazem as provas do Mountain Do no Brasil e no exterior. Na Selva Amazônica, o experiente atleta de Matinhos (PR) era o mais velho entre os participantes e fez o Desafio 42km, correndo uma meia maratona a cada dia. Ele coleciona mais de 200 provas, em várias partes do mundo e chegou comemorando a aventura pela Floresta Amazônica. “Uma prova muito difícil, mas é um percurso maravilhoso, uma paisagem espetacular. Correr provas do Mountain Do é uma felicidade”, falou emocionado.
Cinco atletas comemoraram seus aniversários na prova. Elaine Pauly, de Curitiba (PR), foi uma delas, e o presente veio no sábado mesmo, quando cruzou os 21km em segundo lugar geral feminino. “Foi incrível, e ainda corri com o meu marido (Elessandro Cervilha). Um presentão fazer mais uma etapa do Mountain Do”, contou a atleta que em agosto de 2023 foi a campeã do Mountain Do, na Argentina, repetindo o feito no Mountain Do Selva Amazônica. Com a soma dos tempos dos dois dias, ela se consagrou campeã da categoria no Desafio 42km.
Correr na maior Floresta Tropical do mundo
Nos dois dias, o Mountain Do teve o apoio de homens do Exército, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e do helicóptero do GTA, o Grupo Tático Aéreo do Governo do Amapá, que em diversos momentos sobrevoou as trilhas onde os atletas estavam, e ainda suporte de profissionais locais altamente qualificados e habilitados para atuar em meio à Floresta.
“O exército brasileiro estava em pontos estratégicos, dentro da mata! Não vimos nenhuma onça (risos), mas os militares estavam ali, para espantar qualquer felino, que por ventura, quisesse nos acompanhar. Mas ouvimos muitos sons de aves, estridentes, encantadores que abriam nossos sorrisos e nos faziam agradecer por estar ali”, relatou a atleta de Curitiba (PR), Ana Paula Nastari.
No domingo, na prova dos 9km, o comandante do Bope surpreendeu os atletas no percurso, ao encarar o desafio com farda, coturno e armado. “Correr na selva sempre é um desafio, e para um militar é encarado como um treinamento. Utilizei da perseverança, confiança, resistência para vencer os obstáculos. Foi um desafio eficaz, e agora é pensar em fazer na próxima, os 21km”, relatou o Major Wilkson já fazendo planos para o ano que vem.
Além das belezas naturais da floresta, dos sons dos pássaros e de outros animais, os corredores também destacaram o quanto o Mountain Do trouxe para o calendário trail run, uma prova diferenciada e incomparável.
“Eu já corri no Deserto do Atacama, no Usuhaia, mas a Floresta Amazônica não tem comparação. Espero voltar no ano que vem”, declarou Sérgio Callipo, atleta de Pindamonhangaba (SP), campeão do Desafio 42km.
Para Alini Martini, de Caxias do Sul (RS), a prova foi muito além do que ela e o marido esperavam. “Viemos com uma expectativa muito grande, mas me surpreendeu muito, não imaginei que seria tanto. Correr na Selva Amazônica é surreal, e foi bem como a gente gosta, muita trilha, pedra e lama”, descreveu a atleta 3ª colocada no Desafio 42km.
Premiação e Encerramento
A cerimônia de encerramento e de premiação foi no Trapiche Santa Inês, na Orla de Macapá (AP). Todos os participantes receberam o desejado medalhão Mountain Do Selva Amazônica, e os corredores do Desafio 63km e 42km foram agraciados com troféus.
Felipe Costa da Silva, coroado Rei da Selva, e Letícia Saltori, Rainha da Selva, foram premiados com um cheque de R$ 5 mil cada um.
Além disso, os três primeiros colocados, masculino e feminino, da prova de 21km, foram premiados com troféus, assim como os campeões por faixa etária. Na corrida de 9km, os cinco primeiros colocados no masculino e no feminino também receberam troféus.
Confira os resultados: https://chiptiming.com.br/resultados/
Veja os vídeos das provas no @mountain.sports
Sobre o Mountain Do: www.mountaindo.com.br