Num passado não distante e ainda muito presente na memória dos amantes do futsal, o Barateiro Futsal encantou o Brasil. Com um futebol vistoso, alegre e com a ginga e magia brasileira, a equipe de Brusque venceu todos os principais torneios do país, ganhou a Taça Libertadores, revelou atletas, foi base da seleção brasileira e ainda apresentou para o mundo a atleta Amanda Lyssa, a Amandinha, até hoje a melhor jogadora do planeta.
Tudo isso ocorreu num período de 10 anos até o encerramento da equipe de rendimento no início de 2017, o que deixou uma fissura no futebol feminino do país, e principalmente em Brusque, que por muitos anos foi a capital da modalidade que a cada dia cresce mais entre elas.
O espaço até então ocupado por duas potências de Santa Catarina (além do Barateiro, a Female Futsal, de Chapecó, sempre foi referência no esporte) passou desde então a ser ocupado pela Leoas da Serra, de Lages, nova casa de Amandinha e de outras jogadoras que passaram pelo clube brusquense.
Com investimento público e uma atuação ativa do empresariado local, a equipe de Lages emergiu com força para ocupar o espaço que outrora foi das brusquenses. Espaço este que o Barateiro sonha em reconquistar…
O futuro
“Sabemos que temos uma história bonita, mas que ficou no passado e na memória. Esse legado que a gente construiu serve como exemplo e motivação para todas nós sabermos que é possível chegar lá”, comenta a supervisora Caroline Bezerra.
Após dois anos de trabalhos voltados para a base, ela ressalta o empenho do Barateiro Futsal em reconquistar o protagonismo na modalidade, reconhecido ainda hoje pela trajetória vitoriosa e marca consagrada conquistada em seu auge no futsal feminino.
Para isso, o objetivo é claro: voltar a investir na equipe adulto. Segundo a supervisora, alguns patrocínios estão fechados para a temporada. Do poder público, a equipe ainda conta com apoio da Prefeitura de Brusque, por meio da Fundação Municipal de Esportes. Mas é claro, o time ainda está de portas abertas para novos apoios. “Ainda temos muitas dificuldades com relação a patrocínio. É uma questão delicada, mas conseguimos parceiros para iniciar e, claro, não descartamos novas possibilidade de apoio de empresas, seja de forma privada ou até mesmo através do imposto. Enfim, essa ajuda pode ocorrer de várias formas. O que vale para nós não é o valor, mas a intenção do empresariado em contribuir para voltarmos a ter uma equipe forte em Brusque”, diz ela.
Atualmente, além da FME, as empresas Havan, HJ Tinturaria, DoceD’ocê, Bompack, Calçados Gevaerd, Twist-tur, Irmãos Hort, Unifebe e Novo Horizonte apostam no projeto. A Sociedade Esportiva Bandeirante é uma das apoiadoras cedendo a estrutura para os treinos das atletas, entre elas das jovens Emily Teles de Oliveira, ala de 15 anos, moradora do bairro São Pedro, e Ana Júlia Schmidt, também ala de 15 anos, essa moradora do bairro Paquetá. As duas começaram na escolinha do clube e agora já treinam com atletas das categorias menores que aspiram chegar à profissionalização.
Bezerra ressalta que o objetivo, sobretudo, é contribuir para a formação moral das meninas que atuam pelo clube. “O esporte traz muitas oportunidades e é uma maneira também de contribuirmos com a sociedade. Eu mesma me formei através da bola. Hoje temos seis acadêmicas, meninas que estão realizando o sonho de fazer uma faculdade, estudando na Unifebe, que é aqui de Brusque, e que de certa forma também nos dá suporte”, conta.
Preparação
As atletas brusquenses começaram a treinar há cerca de duas semanas. Inicialmente, o grupo é composto por jogadoras até 20 anos. São elas que terão a responsabilidade de ostentar uma camisa pesada e de tradição no retorno ao futebol adulto. Bezerra diz que já é um grupo forte para os Joguinhos Abertos, para jogar na categoria Sub-20, e no Sub-20 para jogar no adulto para pegar experiencia e maturidade. “Sabemos que é um trabalho a longo prazo. É preciso lapidar muitas coisas, mas acreditamos que é importante que elas joguem uma categoria acima para se desenvolverem”, comenta.
Segundo a supervisora do Barateiro Futsal, a expectativa é de que entre dois e três anos a equipe volte a brigar pelo protagonismo nacional, ciente de eventuais dificuldades neste reinício. “A gente nunca pode usar como desculpa a idade delas, mas sabemos que no esporte de rendimento um dos critérios que influencia é a experiência”, diz. “Vamos jogar com equipes mais fortes e experientes, mas acho que isso ajudará muito no crescimento das nossas jogadoras. Sabemos que vamos competir contra as melhores, que são as Leoas de Lages e a Female Chapecó, mas creio que não vamos fazer feio. Queremos ser uma pedrinha no sapato delas”, confia a supervisora.
Primeiros desafios
O primeiro desafio do Barateiro nesta nova fase será já de cara a Liga Nacional, que será regionalizada em sua primeira etapa. Ou seja, logo de cara o Barateiro terá pela frente as melhores equipes do país, Lages e Chapecó. A competição está prevista para março. O time já tem na programação também a participação no Estadual Sub-20, ainda sem data definida. Nestas competições, o clube brusquense será comandado pelo treinador Ronni Nicolodi. Ele que trabalhava na Fube (Fundação Batistense de Esportes) e terá pela primeira vez a missão de comandar uma equipe feminina. “O desafio é enorme. O Barateiro tem essa história bonita no futsal feminino nacional e estamos aqui para fazer esse planejamento acontecer. A responsabilidade aumenta. É mais um desafio para mim, que já estou há 30 anos no futsal, e um desafio nem pelo tamanho do Barateiro, que é enorme, mas pelo fato de ter saído do masculino e agora treinar meninas deste nível, o que é muito bom”, projeta.
Fotos: Sidney Silva/EsporteSC