Home Grande Florianópolis Conheça a trajetória do catarinense André Baran: bicampeão mundial de Beach Tennis

Conheça a trajetória do catarinense André Baran: bicampeão mundial de Beach Tennis

Baran é o atual número 1 do Brasil e sexto melhor do mundo

por esportesc
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Por Wilson Schmidt Junior

E pensar que, por muito pouco, as quadras não deixaram de ser o local de trabalho do atual “menino de ouro” do esporte brusquense. Após não alcançar o desejo de atuar profissionalmente no tênis, André Baran decidiu dedicar-se ao mundo corporativo. Mas o tempo é o senhor da razão. Não é assim aquela velha máxima? Quis o destino que o beach tennis aparecesse na vida do brusquense, de modo tímido, como um hobby mesmo. 

Mas, aí, vieram as primeiras competições, os primeiros resultados expressivos. O friozinho na barriga antes de começar as partidas… A semente estava plantada. Antes que percebesse, Baran se viu obrigado a fazer uma escolha: ou continuava levando a modalidade de maneira recreativa e amadora, ou largava a estabilidade de um emprego fixo para as incertezas de uma carreira profissional num esporte ainda em ascensão. Convenhamos: ele fez a escolha certa, não é mesmo?

Os momentos de dúvida e insegurança ficaram para trás. André, agora já consolidado no seleto rol de atletas brusquenses que entraram para a história do esporte nacional e internacional, conquistou o segundo campeonato mundial de sua carreira no último dia 10 de outubro, no Rio de Janeiro, ao lado de seu parceiro de equipe, Vini Font. Com a merecida pompa e circunstância, desembarcou em Brusque e desfilou no caminhão do Corpo de Bombeiros diante de fãs, amigos e apoiadores. A pergunta que fica é: nós, catarinenses, temos a devida noção do conterrâneo que temos?

Baran é o atual número 1 do Brasil e sexto melhor do mundo – Fotos: Divulgação

Em entrevista exclusiva concedida a EsporteSC, o beach tenista André Baran credita parte de seu sucesso à sua formação no tênis. Para o cria de Larri Passos e Gustavo Kuerten, mesmo não alcançando o status profissional na modalidade, foi nela que conquistou toda sua base de caráter e disciplina. Além de, claro, uma das experiências mais significativas de sua vida, que foi atuar ao lado de Guga, a lenda viva do tênis brasileiro, em sua despedida no Brasil Open de 2008, na Costa do Sauípe (BA). 

Mais de uma década passada e após quase desistir dos esportes, o brusquense hoje coleciona títulos de expressão, muitos deles internacionais. Destaque para o bicampeonato da Copa do Mundo (conquistado no último dia 10 de outubro nas areias de Copacabana), para a medalha de ouro panamericana nas categorias masculino e misto, a prata e o ouro nas Olimpíadas de Esportes de Praia, além de várias outras premiações de peso em competições realizadas no Brasil e fora dele.

“Eu sou muito grato por representar o meu país”, diz o campeão. “Mas o que eu quero, como atleta profissional, é deixar um legado para as pessoas. Jogar com propósito. E o meu propósito é servir de exemplo, servir de inspiração pra muitos, de que nunca é tarde pra começar e de que, com disciplina e determinação, a gente pode alcançar os resultados que a gente almeja”.

O fiel escudeiro

A constante crescente de André Baran no beach tennis chamou a atenção do, até então, maior ídolo do esporte no Brasil. O ano era 2019 quando o carioca Vinicius Font, ex-número 1 do mundo, chamou o brusquense para uma conversa “ao pé do ouvido”, após vê-lo vencer o primeiro título no ITF de Piçarras (SC), ainda com o também carioca João Lauro Carneiro. “Eu que chamei ele, soube que estava com a dupla aberta e falei: olha, se ninguém quer, eu quero (risos)”, disse Vini, em uma entrevista para o portal Tênis RJ. “Nosso segredo é que nos damos muito bem fora da quadra. Eu sou um cara mais paciente, ele não para de falar, o tempo todo, em quadra quando preciso dou umas chamadas nele e esse companheirismo é o mais importante entre nós”.

A recíproca é verdadeira. Para André, desde o primeiro torneio a sintonia foi incrível. “Duas pessoas pensando em conquistas, fazendo história no beach tennis. O Vini tem sido muito importante na minha trajetória, pra me tornar quem eu sou”, completa o atual número 1 do Brasil e o número 6 do ranking mundial da Federação Internacional de Tênis (ITF).

Panorama do beach tennis

O retrospecto positivo do atleta acompanha, paralelamente, a ascensão do beach tennis no Brasil. Conforme Baran, é cada vez maior o número de jogadores que estão se profissionalizando e, de fato, vivendo do esporte. “Estamos vendo cidades abrindo quadras novas, points novos. Quase todas as pessoas já ouvem falar desse esporte, e a economia do beach tennis está superaquecida. Crescendo tanto que até falta material no mercado, não existe pra todos que estão jogando. Sem contar as premiações cada vez maiores, grandes patrocinadores entrando. Estamos num caminho sem volta, só tem a crescer”.

Os trabalhos de base e a democratização da modalidade, antes considerada proibitiva e de elite, ajuda a fomentar as categorias de base país afora. “O esporte é pra todos. Super acessível, pois você pode jogar na praia, em quadra privada, só precisa de uma raquete, rede e bolinha. Eu mesmo comecei com uma raquete usada, quase quebrada. Eu não tinha material e comecei dessa forma. Adolescentes, jovens, idosos, famílias… Todos podem jogar. Foi por isso que o beach tennis caiu tão rápido na graça de todo mundo”, opina o desportista.

Próximos compromissos

Com o afrouxamento dos protocolos sanitários da covid-19, muitos dos campeonatos que estavam previstos para os últimos meses acabaram sendo realizados “um em cima do outro”. Após mais de oito semanas de pura correria, chegou a hora de dar um descanso para o corpo. “Tenho três semanas para me recuperar bem, treinar bastante, e me preparar para a reta final de torneios até o fim do ano”. O objetivo, para ele, é continuar no topo. “Buscar sempre brigar por títulos e sempre sair da zona de conforto. Quero terminar o ano bem e começar a planejar o próximo”, completa o “menino de ouro”.