A Fundação Municipal de Esportes de Brusque suspendeu, temporariamente, as semifinais do Municipal de Futsal Feminino. Os jogos desta quarta (5) foram cancelados para julgamento sobre possíveis irregularidades na competição. Após o fim da primeira fase, que definiram os semifinalistas dessa edição, as equipes das Mulekas Doidas e Good Girls entraram com um protesto pedindo a punição de duas das quatro equipes que avançaram à fase semifinal.
Segundo documento apresentado pelos times, as equipes do Elitte e FDM inscreveram jogadoras irregulares, contrariando o artigo VI e VII do campeonato, que trata sobre a participação de jogadoras de outras cidades e atletas federadas. Conforme a denúncia, o Elitte teria três jogadoras irregulares: Camila Marques Medeiros, Jucineia Lorenzetti e Maria Vitória Silvino da Silva. Já o FDM teria duas: Leonara Farias da Costa e Maiara Bogo Pires.
O que diz a FME
A Fundação Municipal de Esportes de Brusque baixou um ato administrativo suspendendo da competição as atletas citadas. As equipes que entraram com o pedido, no entanto, contestaram a decisão. Em virtude disso, o ato foi encaminhado à Procuradoria Geral do Município.
Conforme o diretor-geral da FME, Delmar Tondolo, será ela que avaliará os efeitos do ato ou se haverá a necessidade de encaminhamento da situação a um Tribunal de Justiça Desportiva. Vale lembrar que, atualmente, a cidade não tem um tribunal ou comissão constituída para julgamento desses casos. “Como houve essa contestação do ato, resolvemos cancelar a rodada, para evitar futuros problemas, e encaminhamos toda a documentação para que a Procuradoria do Município se manifeste. Assim que ela nos remeter respostas, caso exista a compreensão de que o ato está totalmente correto, a gente dá continuidade na competição, se o entendimento não for esse, e essa situação precise ser analisada por uma comissão ou Tribunal Esportivo, a gente fará esse encaminhamento”.
Ainda conforme Delmar, apesar do pedido de urgência da análise à Procuradoria, não é possível definir um prazo para resolução desse imbróglio e retorno da competição. Por fim, ele salienta que, a princípio, a FME tomou todas as medidas cabíveis e destaca que a denúncia entrou de modo intempestivo, “até porque ocorreram numa fase onde os jogos já haviam acontecido”. O diretor-geral da FME explica que a denúncia para ser analisada numa comissão disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva precisa ser feita logo após o fato ocorrido, ou seja, no jogo em que os times reclamantes tiveram ciência de que existiam atletas de forma irregular, ao invés de esperarem até a outra fase, para saberem se estariam classificadas ou não para fazerem a denúncia. “Então, o ato administrativo é um ato que a fundação tomou, não é arbitrário porque não é um julgamento em que se precisa ouvir as partes. Agora, vamos esperar o parecer da Procuradoria, para saber se esse ato é válido”, finaliza.
O presidente do Conselho Municipal de Esportes de Brusque, Rodrigo dos Santos, diz que já esteve em conversa com o procurador-geral do município, Rafael Maia, para tratar sobre a situação. O entendimento do conselho é de que decisão tem que passar pelo Tribunal de Justiça Esportivo, formado por representantes da OAB e demais entidades. “Vamos trabalhar juntos para oficializar a prefeitura e, com apoio da Procuradoria, formar esse tribunal, já para fazer o julgamento desse caso com o máximo de urgência, se assim for possível”, diz. Santos explica que o tribunal ainda não havia sido formado por problemas burocráticos em virtude da impossibilidade de participação de membros da Fundação Municipal de Esportes.
O que dizem as equipes
A reportagem entrou em contato com as equipes acusadas das irregularidades. Graziely da Silva, técnica e representante do Elitte, diz que o time lutou com muita garra para chegar às semifinais e lamenta que todo o trabalho da equipe corra o risco de acabar por conta da denúncia. “O que está sendo relatado é que essas atletas seriam federadas, ou seja, jogam por contrato em algum outro time. Quando convidamos elas, nenhuma das partes sabia da federação. No momento, elas estão inativas, não exercem trabalhos como federadas”, explica. “Estamos com as meninas inscritas desde o início do campeonato e achamos uma falta de respeito quererem tirar nossa classificação ou até mesmo excluírem as meninas da competição. Entendemos que a FME teria responsabilidade de verificar as atletas inscritas para que não ocorresse esse fato e que as equipes deveriam ter se manifestado desde o início da competição”, completa.
A técnica e representante da equipe FDM, Laleska Oliveira, diz que o regulamento estava confuso a respeito das atletas federadas. Ela afirma que chegou a conversar com o coordenador de Esportes Comunitários, José Carlos Costa, para entender melhor sobre as inscrições das jogadoras e tirou uma jogadora do grupo antes do início da competição ao ter conhecimento de que ela era “federada”. Em relação as atletas mencionadas na denúncia, Laly, como é conhecida, comenta que questionou as jogadoras se elas estavam federadas, o que foi negado por ambas. “Só descobri quando recebi o ofício (denúncia) e falei com uma das jogadoras, que me falou que havia sido federada, mas não tinha conhecimento da situação”.
A representante do FME diz que desde a primeira rodada as equipes já sinalizavam o objetivo de fazer denúncias, mas questiona, também, o fato de isso ter acontecido somente após o fim da primeira fase, com a desclassificação dos respectivos times. “Agora que elas caíram fora fizeram esse ofício. Já removeram as federadas e elas (equipes denunciantes) continuam fazendo confusão, chegando a afirmar que fariam um barraco na fundação e os jogos não iriam acontecer”, afirma. “Se estou errada, admito meu erro, mas realmente não sabia que as atletas estavam federadas, confiei na palavra delas. Se tivesse que remover as meninas, tudo tranquilo, foi o que aconteceu, mas elas 9adversárias) não estão nem aí, pois ainda querem que a gente seja removido”.