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Gestão profissional: A onda dos clubes empresas chegará ao Bruscão?

Modelo de gestão profissional está fora dos planos do Bruscão, ao menos por enquanto

por esportesc
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Nas rodas de conversas futebolísticas Brasil afora só se tem falado de uma coisa: a recente aquisição de Cruzeiro (MG) e Botafogo (RJ) por Ronaldo Fenômeno e pelo bilionário americano John Textor, respectivamente. Enquanto torcedores das tradicionais equipes em questão se banham em expectativas e na esperança de um futuro melhor, outros de agremiações com uma situação financeira tão ruim quanto (ou até pior) sonham que o mesmo aconteça com os seus clubes do coração.

Mas será que a onda das SAFs (sigla para Sociedade Anônima de Futebol) vai chegar aqui na terra da Fenarreco? Ao que tudo indica, não. Ao menos, não em um futuro próximo. Para desenvolver o tema, EsporteSC conversou com o diretor financeiro do Brusque Futebol Clube, Rogério Adilson Lana; e também com o diretor de futebol André Rezini. 

O responsável pelas contas do Bruscão é mais taxativo. Apesar de o tema não ter sido abordado de maneira oficial entre a diretoria, Lana acredita que a aquisição de clubes de futebol por investidores acaba destruindo uma cultura desenvolvida por anos nos times. “A partir do momento em que tu vira um clube empresa, se perde muito o clima e a cultura na cidade. Se perde aquela coisa de união de esforços, de sociedade. O Brusque não pensa nisso daí, pois sempre prezamos pela cultura do time na cidade”, explica o dirigente. “Não dá pra tu ter um clube ligado a uma administração profissional e o torcedor ainda continuar com aquela paixão (…) esse procedimento é bom para o empresário e pro clube sanar suas dívidas, e neste momento não é o caso do Brusque”, acrescenta.

A profissionalização acaba com a cultura de um clube de futebol pra uma cidade, pra uma região e pra um estado” – Rogério Lana, diretor financeiro do Brusque Futebol Clube

Uma coisa é fato: o Brusque é reconhecido estadualmente por possuir uma gestão austera e sustentável. Não faz parte da cartilha da diretoria quadricolor contratar a todo o custo, até mesmo por se tratar de uma espécie de “Dinastia Rezini” à frente da equipe. Ou seja: as dívidas contraídas em uma gestão dificilmente ficariam para outra diretoria. Apesar disso, o diretor de Futebol, André Rezini, é mais flexível quanto a compra do clube por algum investidor. “Pra gente é tudo muito novo ainda. Eu confesso que não discutimos em reuniões de diretoria e nem de conselho. Vamos aguardar os próximos passos, analisar os prós e contras, o que vai dar certo e errado, até porque não temos pressa, já que temos uma boa saúde financeira”.

Rezini explica que se algo mudar, isso partirá de uma decisão coletiva, reunindo diretoria, conselheiros e torcedores. “Se entendermos que é o caminho correto, por que não fazer? Assim como podemos entender que continuar com essa diretoria é o mais certo”, finaliza.

Não é uma urgência para o Brusque. Normalmente quem vem fazendo isso são clubes endividados, com milhões ou bilhões em dívidas” – André Rezini, diretor de Futebol do Brusque Futebol Clube

O que é uma SAF?

Neste modelo, a equipe se torna oficialmente um “clube empresa”, que dá a investidores garantias legais de seus aportes, que podem ser feitos tanto em pequenas porções (como na venda de ações de uma empresa), quando na aquisição de grande parte da entidade, como no exemplo de Ronaldo com o Cruzeiro e o da empresa de Textor, a Eagle Holdings, com o Botafogo.

Ronaldo Fenômeno (E) e John Textor (D) são os novos acionistas majoritários de Cruzeiro (MG) e Botafogo (RJ), respectivamente – Foto: divulgação