Home Esportes Radicais Paixão pelas quatro rodas: Uma aventura de kart no Speedway Music Park e os bastidores da modalidade na história narrada pelo empresário e piloto Volnei Eloir Ferreira

Paixão pelas quatro rodas: Uma aventura de kart no Speedway Music Park e os bastidores da modalidade na história narrada pelo empresário e piloto Volnei Eloir Ferreira

Aos 55 anos, o brusquense Volnei Eloir Ferreira divide a rotina como proprietário de uma rede de laboratórios com outra bem mais agitada e, porque não, mais prazerosa: a aventura de acelerar sobre quatro rodas. Sempre que possível é pisando fundo nos motores de um dos seus karts que ele consegue deixar os problemas do trabalho de lado para fazer uma das coisas que mais gosta: andar com seu kart. Uma rotina pra lá de agitada, que requer energia, bom preparo físico e muita disposição.

por Sidney Silva
0

Uma paixão chamada kartismo. Aos 55 anos, o brusquense Volnei Eloir Ferreira divide a rotina como proprietário de uma rede de laboratórios com outra bem mais agitada e, porque não, mais prazerosa: a aventura de acelerar sobre quatro rodas.

Sempre que possível é pisando fundo nos motores de um dos seus karts que ele consegue deixar os problemas do trabalho de lado para fazer uma das coisas que mais gosta: andar com seu kart. Uma rotina pra lá de agitada, que requer energia, bom preparo físico e muita disposição.

Há cerca de 20 dias, nossa reportagem foi acompanhar uma dessas aventuras no Speedway Music Park, local para onde o brusquense tem que se deslocar para praticar o kartismo. Com o encerramento da pista em Brusque, essa é mais uma barreira que ele e outros pilotos têm que enfrentar para manter a modalidade viva na cidade, ao menos enquanto a nova estrutura do Automóvel Kart Clube não fica pronta, no terreno já concedido ao grupo no Complexo Chico Wehmuth. Vamos juntos?

Pra começar
Nossa aventura começou logo pela manhã de sábado, 19 de outubro. Fomos convidados para dar uma volta num kart totalmente preparado para acelerar e também relatar a nossa experiência. A saída ocorreu por volta das 8h da manhã. Nem a possibilidade de chuva desanimou nosso entrevistado. “Amanhã, com sol ou com chuva, vou gastar pneus”, já havia nos comunicado na noite anterior, via aplicativo de mensagem.

Conosco também estava Vilmar Baron. Ele é uma espécie de mecânico faz tudo, o legítimo “severino” do nosso piloto. Uma parceria que já dura 25 anos e de boas histórias para contar. “Quem me conhece sabe que o Vilmar, se vou correr na neve ele topa, se vou correr na chuva ele topa, se vou correr no calor ele topa. Ele está sempre comigo”, afirma Volnei, sem deixar de poupar elogios ao fiel amigo.

Já pelo caminho, ele comenta sobre a expectativa de que existam outros pilotos na pista, o que torna a aventura mais radical. “Quando entro na pista, estou em êxtase. Não digo logo na primeira vez, quando você está vendo como está o kart e estado na pista, mas na segunda vez, quando tudo já está reparadinho e é só acelerar, acelerar, acelerar..”, diz ele. “Quando há alguém competindo com você, você acaba tendo um bem-estar de buscar em cada frenagem ou curva um melhor rendimento. Regula seu kart e passa a ter mais ousadia nas curvas, acelerando antes e saindo depois, o desafio é ultrapassar e ser rápido. O que gostamos é de velocidade e ser competitivo”, observa.

No Speedway
Da saída em Brusque até o primeiro contato com a pista são mais de duas horas entre deslocamento e ajustes no carro. Logo na chegada, encontramos outro piloto de São José, ainda no estacionamento, o que animou Volnei para um possível embate. Com cautela, Vilmar é quem prepara o kart, calibra os pneus a faz todos os ajustes. Já na pista, é ele também o responsável pelo posicionamento do equipamento para marcação da tomada de tempo, sob orientação do piloto e amigo.

Algumas voltas são dadas e, insatisfeito com algo no carro, Volnei logo volta ao boxe que mantém no local para fazer novos ajustes no veículo. Mesmo sem desafiante, ele retorna posteriormente à pista com a alegria que já lhe é peculiar, como se fosse a primeira vez.

Fomos almoçar somente perto das 14h, entre algumas corridas e conversas em frente ao box. Neste meio tempo, aproveitei também para dar umas voltas. Utilizei outro kart, com menor potência, porém, muito mais rápido do que um indoor, por exemplo. Não foi a primeira vez que tive a experiência, mas a sensação é sempre única. Nem se compara ao indoor que havia utilizado há alguns anos no Parque Beto Carrero e também ao desafio realizado, também de indoor, na pista em Brusque. Curvas mais desafiadoras, em meio a um kart mais veloz, fizeram a adrenalina subir lá em cima. Posso descrever a sensação como “liberdade”, e, com certeza, indicar, para você, que chegou até aqui lendo essa matéria, não perder a oportunidade de experimentar. Eu aprovei e, claro, fui aprovado. “Fico contente por você pilotar no meu kart hoje, e tem futuro, não derrapou, bateu ou criou nenhum pânico. E nós com o rosário na mão para você não fazer nenhuma besteira se empolgando”, brincou Volnei.

Nosso passeio terminou por volta das 16h. O tempo ajudou, a pista estava boa e a experiência foi, de fato, incrível. Pena, para Volnei, que a expectativa de encontrar algum desafiante não se confirmou. “Mas é isso aí. Nem sempre temos alguém para correr junto, o que torna a corrida muito mais desafiante, mas só o fato de vir aqui e pilotar me faz muito bem. Vejo o kart como uma modalidade da qual você pode tirar o stress do foco do dia a dia. Para você tentar ser competitivo vai ter que vencer vários obstáculos. E, hoje, com a tecnologia disponível, você sozinho consegue regular o kart para ter melhor performance. O kart faz com que você esqueça um pouco da luta do dia a dia do trabalho e consiga renovar as energias para o dia seguinte”, finaliza.

Paixão que vem de família
A paixão de Volnei vem de família. Ele comenta que cresceu vendo o pai ouvir a Fórmula 1 pela Rádio Jovem Pan. Naquela época narrada por Wilson Fittipaldi, pai do piloto Emerson Fittipaldi. “Um dia, eu brincando de carrinho, ao redor do meu pai, no chão, escutei a narração do velho Barão falando que o Fittipaldi, filho dele, estava sendo campeão, isso foi em 1972”, recorda. “Isso me chamou atenção para ouvir as próximas corridas, que meu pai gostava. E a partir dali surgiu a oportunidade de, alguns anos depois, começar na modalidade. Naquela época, como todo garoto, a gente sonhava em chegar à Fórmula 1, mas as coisas foram tomando o caminho do estudo, formação, mas até hoje me sinto realizado com o kart” diz.

Piloto desde os 13 anos, Volnei relata as dificuldades muitas vezes encontradas para seguir no esporte, com a perspectiva de que a nova pista em Brusque facilite a vida daqueles que amam a modalidade. “Como não temos mais a pista em Brusque, hoje em dia temos que fazer diversos sacrifícios. Deixar a família longe, em casa, e vir para cá, levantar cedo e arrumar todas as coisas. Embora a gente tenha box, nem tudo pode ficar aqui. Tudo acaba sendo um desafio. Mas tenho certeza que a diretoria do Kart Clube está trabalhando para que, em muito breve, a gente possa voltar a ter uma pista”, comenta.

Enquanto isso não ocorre, ele já projeta outros sonhos, a começar pela perspectiva de que a modalidade volte a crescer em Brusque, destacando que hoje a prática já é acessível a todos por meio do Kart indoor, e pedindo a sensibilidade dos empresários para que envolvam seus filhos no esporte. “E quanto a mim, tenho um desejo especial. Já tenho dois netinhos, um de dois e outro de quatro anos, e ficaria muito feliz de um dia ver meus netos começando nessa brincadeira. Ficaria muito contente, como vovô, de ver esse momento. Mesmo que eles não se tornem grandes pilotos, com certeza seria uma atividade que vai preencher um espaço na vida deles, para que não vão para outro caminho. Estou falando do kart, mas isso vale para qualquer modalidade esportiva”, finaliza.