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São João Batista abraça o Brusque FC

A cidade a cerca de 30 quilômetros de Brusque historicamente tem relação com os times de Florianópolis, mas desde o início deste ano vem abrindo espaço para outro clube catarinense, o Brusque Futebol Clube.

por Sidney Silva
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Dizem que paixão de torcedor não tem divisão, e para alguns, não tem também limite geográfico. E isso quem comprova é Hélio Gonçalves, 57 anos. Torcedor fanático do Bruscão, ele desafia o predomínio dos times da capital em São João Batista “Aqui é mais Figueirense e Avaí. Como eles [torcedores] não tem times na cidade deles, eles têm que torcer para times da capital, mas é o que digo para eles. São torcedores do Figueirense e Avaí, mas têm uma quedinha pelo Brusque”, brinca.

A cidade a cerca de 30 quilômetros de Brusque historicamente tem relação com os times de Florianópolis, mas desde o início deste ano vem abrindo espaço para outro clube catarinense, o Brusque Futebol Clube.

Este ano, duas emissoras de rádios locais, a Clube e a Super FM, trazem quase que diariamente informações sobre o clube. A primeira fará a transmissão de todos os jogos do Bruscão, seja dentro ou fora de casa, enquanto a segunda trará entrevistas e todos os bastidores das partidas.

Segundo Jonatam Cordeiro, diretor de esporte e locutor da Clube FM, a rádio se interessou em divulgar o Brusque ciente da aceitação que o clube tem na cidade. “Acho que era um anseio da comunidade, de realmente ter uma cobertura total das informações do nosso do time, que é o nosso representante, pois o Brusque é nosso representante aqui do Vale, e está tão próximo, aqui pertinho”, destaca. “É uma cidade co-irmã que hoje tem um time na Série A do Catarinense. Por isso é importante essa aproximação do Brusque com o torcedor, não o só batistense, mas com certeza de Nova Trento, Major Gercino, Canelinha. E a Rádio Clube, vendo através da sua direção a necessidade de fazer a cobertura, claro que também colocou à disposição todo o seu plantel de funcionários a sua equipe de esportes para fazer a cobertura e acompanhar de perto o nosso representante”.

Jabson Dadam, da Super FM, diz que a rádio, lançada em 2015, já começou com “uma estrutura muito grande”. Ele comenta que o objetivo era atender o maior número de interesses em relação ao esporte e foi possível identificar no Brusque FC o apelo necessário para o futebol profissional. “Não queríamos só cobrir os eventos amadores aqui da nossa cidade ou até mesmo aqui da nossa região, no caso o Vale do Rio Tijucas, mas também abrir um leque de opções em relação ao esporte profissional, no caso o futebol, aí nos veio em mente o Brusque, que é um clube que está de volta à elite do Campeonato Catarinense e já tem uma certa tradição aqui no nosso estado. Uma história a ser respeitada, além de ter também muitos torcedores”, destaca.

Ele diz que futuramente a intenção da rádio é também fazer a transmissão de todas as partidas e campeonatos que o Brusque for disputar. “Neste primeiro momento, entraremos com entrevistas, toda preparação para o campeonato estadual. Nos jogos também faremos a cobertura, e esse trabalho será contínuo, visando então atender essa necessidade dos torcedores aqui do Vale do Rio Tijucas”, observa.

Paixão antiga
Morador de São João Batista há 32 anos, Hélio Gonçalves é torcedor de carteirinha do Brusque FC. Apaixonado pelo Carlos Renaux, com o tempo, também passou a ter um carinho pelo Paysandu quando seu irmão vestiu a camisa do alviverde da Pedro Werner. “Aí fizeram a fusão e a paixão só aumentou”, diz ele.

Há mais de 3 décadas na cidade vizinha, Hélio levou consigo também o amor pelo Brusque FC. “Nasci em Brusque, no Santa Terezinha, e cheguei a jogar o amador no Santos Dumont. A gente sai de Brusque e sempre fica alguma raiz e essa raiz eu trouxe junto”, destaca, ao declarar o amor pelo clube.

Raiz essa que Hélio lamenta não ter conseguido passar para o filho Mizael Gonçalves. Justamente às vésperas da partida de estreia diante do Figueirense, ele lembra de uma curiosidade envolvendo uma partida entre o Bruscão e a equipe alvinegra.  “Fui com uns amigos meus ver Brusque e Figueirense. Chegando lá sentei na arquibancada do lado do Brusque  e meu filho foi para o outro lado com os amigos que eram Figueirense. Quando acabou o jogo ele ficou Figueirense. Minha vontade era matá-lo, mas como filho a gente não mata, tive que aceitar”, brinca.

Para esse domingo (31), quando os dois times estiverem em ação, Hélio diz que o Bruscão tem totais condições de surpreender. E aí, o filho que se cuide, já que o pai promete não avaliar. “Aí eu tenho que aguentar uma semana ele falando”, comenta Mizael. Se der alvinegro, no entanto, o tratamento tem que ser diferente, afirma Hélio.  “Ele não tira sarro porque é daqueles que tem pena do pai, sabe que o time é mais fraco. Ele não é daquele que torce contra o pai, até simpatiza pelo Brusque”, destaca.

Este ano Hélio promete acompanhar todas as partidas do Brusque no Augusto Bauer. Apesar de feliz em ver o clube do coração de volta à elite do campeonato estadual, outro sentimento, fora das quatro linhas, mexerá com o coração do torcedor do Bruscão. “Não terei mais meu amigo comigo. Neste dia 29 faz quatro meses que meu amigo de arquibancada, meu grande parceiro, Vilson Sartori, o Vilsinho, morreu. A gente acompanhava futebol há mais de três décadas juntos”.