Home Outros Símbolo de amor pela bocha: Aos 28 anos, Juliano Butsch, o Iano, faz canchas, suas próprias bolas de jogo, e é o atleta a ser batido em Guabiruba

Símbolo de amor pela bocha: Aos 28 anos, Juliano Butsch, o Iano, faz canchas, suas próprias bolas de jogo, e é o atleta a ser batido em Guabiruba

Um dos principais boladores da região, além de atleta, também faz as pistas, laterais e cabeceiras das canchas. Há quatro meses deu mais um grande passo ao começar a fabricação própria das bolas utilizadas na bocha. Sua empresa, a Bochas Guabiruba, da qual é sócio junto com seu tio, Ivo, é uma das cinco no estado que trabalham com o processo. “Se existem outras, além dessa quantidade, eu desconheço”, diz.

por Sidney Silva
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Quando o assunto é bocha em Guabiruba, é difícil não se lembrar de Juliano Butsch, o Iano. Aos 28 anos, o guabirubense é uma das referências na modalidade e um dos símbolos maiores de amor ao esporte.

Um dos principais boladores da região, além de atleta, também faz as pistas, laterais e cabeceiras das canchas. Há quatro meses deu mais um grande passo ao começar a fabricação própria das bolas utilizadas na bocha. Sua empresa, a Bochas Guabiruba, da qual é sócio junto com seu tio, Ivo, é uma das cinco no estado que trabalham com o processo. “Se existem outras, além dessa quantidade, eu desconheço”, diz.

O começo
Fabricar as próprias bolas para o jogo sempre foi um desejo próprio, diz Iano, que hoje comercializa o material para canchas de várias cidades do estado, entre elas Rio do Sul, Ituporanga, São João Batista e Canelinha. “Eu trabalhava com um amigo meu, Calão Bolas, de Brusque, mas sempre tive a vontade de fazer algo para mim mesmo. Aí posteriormente comprei o maquinário e com o conhecimento que já tinha montei uma fabricação própria”, comenta ele.

Iano lembra que foi com o dinheiro da própria bocha que conseguiu montar toda a estrutura que tem hoje para jogos da modalidade. A Cancha do Iano começou a ser construída no fim do ano de 2012. Em 12 de outubro do ano seguinte foi finalmente inaugurada. “Na época eu jogava com meu tio (Paulo). Foi um período muito bom, que ganhamos bastante dinheiro. Aos poucos fomos comprando madeiras, zinco, blocos, e meu pai (Francisco Butsch) mesmo construiu. Pintar eu mesmo pintei”, se orgulha.

Mito das canchas
Atualmente, Iano disputa mais de 50 torneios oficiais por ano, além de alguns que ele próprio promove. Para esses, no entanto, sempre cria para si próprio uma dor de cabeça. “Aqui na Guabiruba faço torneios, mas não jogo, senão o pessoal não quer participar”, diz, aos risos.

Os fins de semana são praticamente todos comprometidos, com disputas em todos os cantos do estado. O atleta já chegou a ganhar até carro junto com o tio em uma disputa realizada em Brusque. “Naquele ano, ganhamos mais de R$ 100 mil com a bocha”, lembra Iano, que faz da bocha mais do que um hobby, mas sim a sua forma de viver. “A bocha me deu tudo que eu tenho hoje, até a esposa”, brinca, ao falar da mulher Bruna Busch. 

A mãe de Bruna, Ivanir Terezinha, é dona da cancha da União Planície, e foi no local que ambos começaram uma paquera que hoje tem como resultado a filha Isabelly, de um ano e dez meses. A esposa também é totalmente envolvida com a bocha, inclusive chega a disputar campeonatos de casais com o marido. Já a filha, criada no meio, não pode ver uma cancha. Hoje é uma das xodós dos amigos que jogam junto ou duelam com Iano e sua equipe na cancha que leva o seu nome, localizada no bairro Aymoré.

A trajetória
A família de Iano sempre foi envolvida com a bocha e isso fez com que ele desde cedo se interessasse pela modalidade. “Meu pai sempre jogava, e muitas vezes voltava para casa após ter vencido um torneio com uma galinha, porco, boi. Os campeonatos ainda não valiam dinheiro, como hoje”, lembra.

O primeiro contato com a modalidade foi aos 5 anos. Iano morava com os avós em frente à cancha próxima ao local onde posteriormente faria a sua. “No começo eu jogava com laranjas e limões. As tábuas eu arrancava do rancho. Até a cancha era improvisada. Jogávamos no chão batido”, se recorda.

Aos poucos, o guabirubense já mostrava que teria futuro na modalidade. Quando tinha pouco mais de 10 anos, viu o tio (Paulo) construir uma cancha. Esperava o tio e companheiros brincarem para depois poder participar. Aos 13, junto com o primo Mauri, filho de Paulo, já chamava a atenção. “Já jogávamos melhor do que eles, isso fazia com que eles não nos deixassem jogar. Muitos tinham medo e até mesmo vergonha de perder para gente”, conta.

O primeiro campeonato oficial veio aos 14 anos e com ele o título dos jogos internos do Aymoré, na época uma espécie de preparação para os Jogos Comunitários. “Nesse período o Zeca Koehler me estimulou muito. Eu trabalhava com ele, e ele me liberava mais cedo e botou para jogar no time. O primeiro torneio que joguei foi com ele, na Cancha dos Dois Amigos, no Lageado Baixo”, diz.

Depois do primeiro campeonato, os títulos passaram a ser cada vez mais frequentes. Hoje são praticamente incontáveis. “Somente municipais, com certeza foram mais de 10 nos últimos 13 anos”, diz ele, que atualmente joga torneios fora da cidade com o amigo Rodrigo Mesádrio, de Gaspar. “É um dos melhores que já vi. Na verdade, a nossa região sempre teve muitos grandes jogadores. Cresci vendo o Malo, o Altino Koehler, o Polenta e o Jair Fischer. Em Brusque tem o Gelázio e o Keko, bolador e ponteiro, que são muitos bons. O Gelázio, por exemplo, por cima não existe como ele. A bocha, sobretudo, sempre me deu grandes amigos. Hoje, o Éder, de São João Batista, além de companheiro em muitas oportunidades, é meu compadre”, destaca.