Home Bicicross 2016: O ano de Ariel João da Silva no Bicicross

2016: O ano de Ariel João da Silva no Bicicross

O atleta – que há quatro anos está na categoria Elite Men – a principal da modalidade, chegou ao seu auge este ano, quando se consagrou pela primeira vez Campeão Brasileiro da categoria. Além disso, Ariel venceu também a Copa do Brasil, o Campeonato Paulista e ficou com o título do Ranking Brasileiro (que envolve o somatório de pontos considerando várias competições).

por Sidney Silva
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O BMX brasileiro tem um novo nome no topo do cenário nacional. É de Brusque que Ariel João da Silva desponta como uma das grandes sensações do esporte em solo brasileiro. O atleta – que há quatro anos está na categoria Elite Men – a principal da modalidade, chegou ao seu auge este ano, quando se consagrou pela primeira vez Campeão Brasileiro da categoria.

 Além disso, Ariel venceu também a Copa do Brasil, o Campeonato Paulista e ficou com o título do Ranking Brasileiro (que envolve o somatório de pontos considerando várias competições). Ou seja, o brusquense venceu todas as principais competições do país, deixando para trás grandes nomes do BMX nacional como Igor Martins e nada mais nada menos que Renato Rezende, principal atleta olímpico do país.

“Na verdade, eu já vinha andando mais do que ele nos treinos, isso me fez ficar confiante, mas essa vitória no Brasileiro mais do que tudo representou vencer a mim mesmo, uma superação própria”, diz Ariel, que terminou à frente de Rezende, segundo colocado, e dividiu o pódio com outro brusquense, Felipe Brick, que brilhou na terceira colocação.

Trajetória
Ariel corre na principal categoria do BMX desde 2013 e nos últimos dois anos têm se caracterizado por sempre brigar entre os melhores do país, mas falhar nos momentos de decisão. Evolução só alcançada nessa temporada, segundo ele. “Antes eu chegava na final e ficava nervoso, caia, agora não. Cheguei felizão e quebrei várias barreiras. Antes eu era muito ansioso e tremia no gate. Fazia tudo em primeiro e chegava na final alguma coisa dava errado. A minha técnica sempre foi bem evoluída, mas faltava força, que é algo que consegui melhorar e, principalmente, a mente, que foi o grande diferencial neste ano”, diz o atleta.

Agora, o piloto brusquense trabalha para participar de competições internacionais em 2017. O objetivo, é claro, brigar pelo sonho de fazer parte do time olímpico do Brasil em 2020. “Esse é o sonho de qualquer piloto, mas vejo que o meu está cada dia mais próximo. A Olimpíada é o máximo que um piloto pode chegar e o meu sonho desde criança”, diz. Veja abaixo a entrevista completa com o atleta.


ENTREVISTA ARIEL JOÃO DA SILVA

EsporteSC – Como começou a sua carreira no bicicross? 
Ariel João da Silva –
Estou no bicicross há 17 anos. Iniciei com 5 hoje estou com 22. Com dois ou três anos eu já estava em cima de uma bike, com capacete, aquelas luvas gigantes. Me espelhava muito nos meus dois irmãos (Alan Rodrigo e Leandro Junior da Silva) quando via um deles saltando achava o máximo, a narração das competições, músicas, quando eu via já me dava arrepios. Em 1999 participei da minha primeira competição, na Copinha, e já no ano 2000 fui campeão catarinense, brasileiro e quinto do mundo. Ali minha mãe (Vera Lucia) viu que eu tinha futuro.


EsporteSC – Como avalia o seu ano de 2016?

Ariel – Com certeza foi o meu melhor ano. Ser campeão brasileiro foi meu título de maior peso nestes 17 anos de BMX. Era algo que eu havia focado muito desde o início do ano, pois já estava há dois anos brigando. Ver toda aquela arquibancada torcendo por mim foi fantástico. Tenho muitos amigos porque o pessoal gosta de mim, gosta do meu rolê e sempre acreditou que eu poderia entrar neste grupo de campeões nacionais, que tinha potencial para isso. No fim, o pessoal me pediu capacete, camiseta. Foi algo incrível.


EsporteSC – Como foi bater um dos grandes ícones do esporte brasileiro, Renato Rezende? 


Ariel –
Ganhar do Renato e de outros pilotos foi uma coisa de eu vencer mais a mim mesmo. Antes eu chegava na final e ficava nervoso, caia. Agora cheguei felizão e quebrei várias barreiras, pois eu sempre tive técnica, meu problema era emocional. Depois que fui orientado a fazer um trabalho com um psicoterapeuta melhorei muito, esse lado. Hoje acredito que querer é poder. Querendo você consegue tudo por mais absurdo que possa aparecer. Quando chegou o Brasileiro, todos sabiam que eu estava bem e falavam: “Você tem que ganhar do Renato”, mas eu pensei, “não tenho que ganhar dele. Ele que tem que ganhar de mim, pois é o atleta olímpico, a pressão é dele. Vou fazer o meu rolê, da forma que sempre fiz, brincando e me divertindo”. Tanto é que a corrida mais tranquila que fiz foi a principal do ano.


EsporteSC – Você considera que há um preconceito sobre o seu nome ou certa desconfiança sobre o seu trabalho que agora começa a ser comparado com o de grandes nomes do esporte?

Ariel – Quando eu entrei na Elite percebia que os caras desprezavam os pilotos de Santa Catarina. A própria Confederação Brasileira olha muito para os pilotos de Minas Gerais e São Paulo. Vejo que eu consegui quebrar barreiras, fazer amizades e com o meu rolê passar a ser um cara querido, que as pessoas olhavam e acreditavam que eu tinha condições de entrar nesse grupo. Torciam para isso. A minha própria equipe BBF/Bandeirante é hoje uma das mais respeitadas do país.


EsporteSC – O que espera para o futuro. Acha que os grandes resultados dessa temporada serão uma pressão para você a partir do ano que vem.

Ariel – O objetivo é iniciar bem o ciclo olímpico. Quero participar do Mundial dos Estados Unidos em março e correr mais competições internacionais. E, principalmente, manter os resultados das competições com a conquistas de títulos. Até porque eu dependo da premiação de competições para a minha própria sobrevivência. Hoje tenho meus patrocinadores pessoais, a Energybody suplementos, Bompack, Haltere Academia e Penk, mas é tudo no limite. Vivo em média com R$ 300/mês para os meus gastos. Mas não vejo que terei uma pressão agora que sou campeão brasileiro. Não entro numa corrida com essa pressão de ser campeão. O que quero é acertar meu rolê, se der certo de eu acertar meu rolê ganho a corrida. Se eu errar vou avaliar o erro para ver o que precisa ser melhorado.

EsporteSC – Como vê a possibilidade de representar o país na próxima Olimpíada?

Ariel – Esse é o sonho de qualquer piloto, mas vejo que o meu está cada dia mais próximo. A Olimpíada é o máximo que um piloto pode chegar e o meu sonho desde criança. Tinha o sonho de ser campeão brasileiro na elite e consegui. Agora vou em busca deste outro sonhar, que é chegar na Olimpíada.