A relação entre Brusque e Carlos Renaux ficou apimentada após o vazamento de um áudio de entrevista do presidente do Brusque, Danilo Rezini, criticando o Carlos Renaux em virtude da situação do gramado do estádio Augusto Bauer.
No áudio, Rezini usa palavras duras para criticar o Vovô e também fala que a relação é praticamente insustentável com o presidente tricolor, Altair Heck, o Taico. “Temos grande problema crônico com o Carlos Renaux, principalmente com essa diretoria”, comenta Rezini, ao citar nominalmente Taico.
Temos grande problema crônico com o Carlos Renaux, principalmente com essa diretoria”, Danilo Rezini, presidente do Brusque FC
O presidente do Brusque cita dois grandes pontos de divergências. O primeiro é a situação do gramado do estádio Augusto Bauer, que tem recebido inúmeras críticas, sobretudo de jogadores e da mídia especializada. Há uma grande revolta do Brusque também em virtude do uso das placas de publicidade de patrocinadores do Renaux nos jogos do clube. A situação, inclusive, virou denuncia no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Veja documento abaixo. “Eles são complicados. Temos uma situação gravíssima das placas em cima do muro. Já fomos cobrados pela CBF, duas ou três vezes, mas eles não tiram as placas e dentro do campo a exclusividade é da CBF”, explica. “Aquelas placas não podem estar lá em cima. Já oficializamos o Renaux e eles não tomam providências. Agora que foi parar no STJD vamos receber algumas sanções e uma multa, que não será leve”, continua, no áudio, o mandatário do Bruscão.
Eles são complicados. Temos uma situação gravíssima das placas em cima do muro. Agora que foi parar no STJD vamos receber algumas sanções e uma multa, que não será leve”, Danilo Rezini, presidente do Brusque FC
Rezini alega que o Carlos Renaux faz pouco caso do clube, mesmo recebendo mensalmente a quantia de R$ 30 mil pelo aluguel do estádio. Deste valor, a empresa patrocinadora máster do Brusque custeia R$ 24 mil. Os outros R$ 6 mil são bancados pelo Bruscão pela exclusividade do espaço. “Toda parte de manutenção é de responsabilidade do Renaux. Mas estou exausto de tanto pedir e eles fazerem pouco caso. Dizem que nós é que precisamos, que nós que devemos arrumar. Somos cobrados por torcedores, diretores e a crônica esportiva de todo o Brasil, mas não tem jeito”, diz o dirigente do Brusque, que chega a pedir no áudio para que a imprensa cobre diretamente do presidente Taico sobre a situação do gramado e outras melhorias na estrutura que, segundo ele, o Vovô não tem feito. “Estamos à mercê da diretoria do Renaux e vejo que dificilmente conseguiremos continuar ali (no estádio), porque não dá”, destaca.
“Estou exausto de tanto pedir e eles fazerem pouco caso. Dizem que nós é que precisamos, que nós que devemos arrumar. Somos cobrados por torcedores, diretores e a crônica esportiva de todo o Brasil, mas não tem jeito”, Danilo Rezini, presidente do Brusque FC
Vovô se defende
O presidente do Carlos Renaux, Altair Heck, o Taico, recebeu a nossa reportagem para falar sobre o áudio e as acusações do presidente do Bruscão. Taico se mostrou indignado com o teor das palavras de Rezini e se disse surpreso, já que ambos teriam uma reunião na próxima quarta (20) para tratar justamente das questões relacionadas ao uso e manutenção do estádio. Ele admite que a parte de manutenção realmente é de responsabilidade do clube, mas alega que o tricolor faz o possível dentro de suas condições para melhor manutenção do gramado. “Dentro da parte técnica, o que puder ser feito, a gente vai fazer. Tanto é que já tínhamos feito orçamento para fazer fundação, mas não foi possível porque houve muita chuva”, explica.
Segundo Taico, no entanto, escolhas do Brusque no passado são responsáveis pelas consequências atuais. “Firmamos um convênio com a Prefeitura de Brusque para colocação do gramado novo (entre fim de 2019 e início de 2020), mas toda parte de execução do projeto foi do Brusque. Foi utilizado na época areia de morro, que não deixa filtrar. E a grama foi o Brusque que definiu”, explica. “O Brusque recebeu um investimento para colocar a grama estilo bermuda, que era a ideal, mas optaram pelo modelo esmeralda, que era a mais barata, porém não adequada”, revela Taico.
“O Brusque recebeu um investimento para colocar a grama estilo bermuda, que era a ideal, mas optaram pelo modelo esmeralda, que era a mais barata, porém não adequada”, Altair Heck, o Taico, presidente do Carlos Renaux
“Como está a parceria é inviável para o Renaux”
Durante a entrevista, Taico também esclareceu vários pontos do áudio enviado por Rezini. O presidente do Renaux comenta que atualmente os R$ 30 mil mensais pagos pelo clube não atendem as despesas da parceria, sobretudo porque o Brusque hoje ocupa 10 salas diariamente dentro Gigantinho, a maior parte delas não estava em contrato, segundo ele. “Isso é 50 pessoas por dia utilizando. Um gasto absurdo”, explica. “Além disso, há vários outros fatores, como a nossa escolinha que treinava no estádio e hoje não podemos utilizar esse espaço. Eram 300 crianças que nos rendiam cerca de R$ 15 mil/mês para pagamento dos professores e custeio”.
Taico lembra que, em 2014, o Brusque pagava entre R$ 4 e R$ 5 mil por cada jogo no estádio Augusto Bauer, somente para uso no dia das partidas. Hoje, considerando a média de jogos do clube, esse valor segue sem reajuste. “Só que hoje eles usam tudo do clube. Ano passado fiz um check-list de tudo para mostrar que não era muito. Eles usam uma estrutura todinha diariamente. São 10 salas diferentes e a gente que tem que manter. Isso tem um custo alto desde produtos de limpeza a outras coisas”, afirma. “A academia não usavam e agora fazem uso. Cedemos o DM, depósito da rouparia, sala do VAR e várias outras coisas que nem estavam em contrato, mas nos aumentaram muito o custo. O Brusque não pode falar que não somos parceiros”, defende.
“A academia não usavam e agora fazem uso. Cedemos o DM, depósito da rouparia, sala do VAR e várias outras coisas que nem estavam em contrato, mas nos aumentaram muito o custo. O Brusque não pode falar que não somos parceiros”, Altair Heck, o Taico, presidente do Carlos Renaux
Problemas com pagamento
O presidente do Carlos Renaux também reclamou de problemas de pagamento do Brusque, o que dificulta ainda mais o dia a dia financeiro do clube para manutenção do local. “Ele falou que o Brusque nos paga R$ 6 mil ao mês, só esqueceu de dizer que o que tínhamos que receber em julho ainda não foi pago, com um cheque pré-datado que nem do Brusque é, e com vencimento só para novembro. O mês de agosto vamos receber em dezembro. E esses meses mais recentes agora provavelmente somente ano que vem”.
“Ele falou que o Brusque nos paga R$ 6 mil ao mês, só esqueceu de dizer que o que tínhamos que receber em julho ainda não foi pago, com um cheque pré-datado que nem do Brusque é, e com vencimento só para novembro. O mês de agosto vamos receber em dezembro. E esses meses mais recentes agora provavelmente somente ano que vem”, Altair Heck, o Taico, presidente do Carlos Renaux
O mandatário do Vovô também questionou sobre a situação das placas de publicidade em cima do muro, muito reclamadas por Rezini. “Como vou tirar as placas do lado de lá se tenho contrato de 12 meses e eles (Brusque e CBF) cobram o que está dentro de campo. Todos os estádios têm. E as nossas pega no muro. As placas estão acima, não no campo”, defende. “Se eu jogar 15 ou 20 centímetros para trás, já estão fora do estádio e não vai mudar nada. E não temos nada em contrato sobre isso. O que combinamos foram os jogos da Copa do Brasil”, argumenta.
Por fim, Taico revela que o clube estuda uma nova proposta de parceria com o Brusque a partir do ano que vem. “Da forma que está não é vantajoso ficarmos com o Brusque e sem nossa escolinha. Por isso vamos apresentar para eles um novo acordo. Tem que ser bom para ambos. Não posso ter um inquilino morando na minha casa e me dando despesas”, diz. Vale lembrar que o contrato atual vence em dezembro desse ano. O tricolor também estuda a possibilidade de instalação de grama sintética no Gigantinho, ideia que não é vista com bons olhos pelo Brusque. O projeto só sairá do papel, no entanto, caso a iniciativa seja aprovada pela FCF para atender jogos profissionais.