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Ciclismo: Inesquecível Tour de France 2016

O Tour termina neste domingo, dia 24 de julho, e já podemos considerar que o Título de CAMPEÃO ficará nas mãos do naturalizado britânico Christopher Froome, que proporcionou momentos inesquecíveis para os amantes do ciclismo.

por Sidney Silva
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A edição do Tour de France deste ano ficará para a história do ciclismo mundial. Mesmo ainda faltando algumas etapas para o seu final, atuações fantásticas e situações totalmente inusitadas marcaram esta 103ª Edição.

O Tour termina neste domingo, dia 24 de julho, e já podemos considerar que o Título de CAMPEÃO ficará nas mãos do naturalizado britânico Christopher Froome, que proporcionou momentos inesquecíveis para os amantes do ciclismo.

A primeira exibição de Froome foi no final da 8ª Etapa, onde ele teve uma atitude totalmente inesperada. Atacou nos metros finais da última montanha para, em seguida, descer como um louco a mesma montanha para o lado oposto.

Faltavam um pouco mais de 10 Km para a chegada e ninguém imaginaria uma ação daquelas do britânico. Froome era conhecido como braço duro, com dificuldades para realizar decidas técnicas. Mas provou que tudo se consegue com muita dedicação, perseverança, e, é claro, MUITO treino.

E ele deve ter treinado bastante esta questão de descidas, pois demonstrou confiança, coragem e muita atitude. Os fiéis acompanhantes desta competição francesa nunca imaginariam uma coisa destas, e, por consequência, aplaudiram fervorosamente o feito de Froome que venceu brilhantemente a Etapa e assumiu a camisa AMARELA.

Mas não bastasse esta atitude corajosa e inesperada na 8ª Etapa, Froome surpreendeu novamente no final da 11ª Etapa, onde a chegada era em terreno plano, propícia para os sprinters, porém, com muito vento. Faltando aproximadamente 10 Km para a meta, houve uma aceleração do fantástico Peter Sagan, slovaco, atual Campeão Mundial, que recebeu a companhia de seu companheiro de equipe, o polonês Maciej Bodnar.

O camisa AMARELA (líder da clasificação geral individual), Chris Froome, inusitadamente, foi atrás dos dois ciclistas da equipe Tinkoff e recebeu a companhia de seu fiel escudeiro Geraint Thomas. Houve a junção dos quatro ciclistas que se organizaram e aceleraram a morte até a meta final da etapa. Uma ação totalmente surreal.

Sagan vestia a camisa VERDE (líder da classificação por pontos) e para ele a fuga era muito interessante, pois dos três ciclistas da fuga, ninguém conseguiria derrotá-lo na chegada, e com isto, somaria pontos valiosos para a classificação geral por pontos.

Mas o camisa AMARELA tirando a fundo numa etapa plana? Isto não era imaginável. Seria loucura? Confiança demasiada? Ninguém estava entendo mais nada, afinal as montanhas ainda estavam por vir e no dia seguinte já teria a escalada do mítico Mont Ventoux. Mas o público adorou a coragem de Froome, que até então tinha a imagem de um ciclista totalmente frio, que realizava suas ações de maneira muito mecânica. O torcedor gosta de ação, coragem, atitude e foi isso que Froome proporcionou aos apaixonados por ciclismo.

No dia seguinte as emoções continuaram. Existia uma previsão de ventos com mais de 100 Km por hora no alto do Mont Ventoux, o que fez a organização da prova analisar a possibilidade de alterações na etapa. Mas a previsão não se confirmou. O vento esteve presente, mas não com a força prevista.

Quando todos já não esperavam mais surpresas neste Tour, eis que uma moto da rede de televisão responsável pelas imagens da prova para na frente do grupo onde vinha o líder. Justo na parte final da montanha, faltando pouco mais de 3 km para o final. Resultado: 3 ciclistas se chocam na moto. A quantidade de torcedores na montanha era fabulosa.

Froome se levanta imediatamente e sobe em sua bicicleta. Foi aí que outra situação histórica acontece. Sua bicicleta quebrou o quadro de carbono na parte traseira. Como os carros de apoio das equipes não conseguiam estar atrás de seus atletas devido ao numeroso público que se aglomerava na montanha, deixando espaço para apenas os ciclistas passarem, Froome se desesperou, pois estava sem condições de continuar pedalando e sem bike de reserva a disposição.

O que ele fez? Saíu correndo a pé. Coisa de outro mundo. Imagem que ficará guardada na memória de quem presenciou a cena. Poucos metros após esta cena surreal, chega um carro de apoio neutro e fornece uma bicicleta ao líder. Mas o pedal não era compatível com o taco da sapatilha de Froome. Novamente o desespero. Finalmente o carro de apoio de sua equipe chega e lhe entrega a sua bike reserva para que ele conseguisse terminar esta fantástica Etapa.

Mas a Etapa ainda não havia terminado para Froome e sua galática equipe SKY. Com todos estes imprevistos acontecidos, Froome perdeu 1 minuto em relação aos seus concorrentes diretos. E, também, cometeu uma infração perante o regulamento da UCI, onde fala que o ciclista pode continuar na prova caminhando, porém, com a sua bicicleta nas mãos. O camisa AMARELA não fez isto.

Por alguns metros, motivado pela adrenalina, correu a pé e sem a sua bicicleta. A organização do EVENTO analisou toda a situação e entendeu que foi a MOTO a causadora de toda a confusão e que o Líder não poderia ser prejudicado por isto. Resultado: Froome recebeu o mesmo tempo do seu adversário que estava no momento da colisão com a motocicleta.

A repercussão perante os comentaristas foi favorável a decisão da organização, mas críticas também existiram. O pelotão manteve-se meio que neutro, aceitando a decisão. Na minha opinião a decisão foi acertada. Não seria justo tirar de cena um ciclista que vinha dando espetáculo até aquele momento, e que não teve culpa nenhuma no acidente.

O contrarrelógio estava por vir e a previsão de que Froome conseguiria aumentar a sua vantagem perante seus principais adversários se concretizou. Terminou com o segundo melhor tempo da Etapa, sacramentando uma vantagem de quase 2 minutos para o segundo colocado e quase 3 para o seu principal rival nas montanhas, o colombiano Nairo Quintana.

Mas não está sendo apenas Chris Froome que está dando espetáculo neste TOUR. O que dizer da atuação de outro britânico, Mark Cavendish. Quatro vitórias em Etapas. Superou o francês Bernard Hinault em números de vitórias em todos os Tours e está atrás apenas de Eddy Merckx que possuí 34 vitórias. Cavendish possuí atualmente 29 conquistas, mas ainda tem lenha para queimar. Não sabemos se conseguirá superar a lenda belga chamada Eddy Merckx, mas independente disto, está demonstrando para alguns críticos que ele ainda é um grande no meio do pelotão de sprinters.

Para finalizar, PETER SAGAN.

Atual Campeão Mundial de Estrada, esse slovaco é um show man. Ciclista incrível. Potente, corajoso, audacioso, extrovertido, etc, etc, etc. Simplesmente fantástico. A camisa VERDE não conhece nenhum outro nome desde de 2012. Nesta Edição, Sagan já venceu 3 Etapas, mas o que ele vem fazendo durante as etapas é coisa de extraterrestre. O slovaco não tem medo. Se ninguém quer puxar, lá vai Sagan pra ponta acelerar. O público torcedor e conhecedor de ciclismo não se cansa de aplaudi-lo. Há quem diga que se ele quiser se condicionar para vencer um Tour de France, seus concorrentes já podem começar a se preocupar. A camisa AMARELA ficaria muito bem em Peter Sagan, pois a VERDE já não é surpresa para ninguém.

Resumindo: Chris Froome, Mark Cavendish e Peter Sagan foram os grandes nomes deste TOUR de FRANCE INESQUECÍVEL.

Falo isto, mesmo antes de terminar, pois a competição de ciclismo mais popular no mundo ainda tem algumas etapas pela frente e depois de tudo o que aconteceu, nada mais me surpreenderá neste TOUR. Novas emoções ainda poderão surgir, mas nada mudará o que já fizeram estes brilhantes ciclistas.