Daiane Madeira passou a integrar o quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2020 como árbitra assistente. Nascida e criada em Lages, Daiane é filha de árbitro e sempre foi apaixonada pela modalidade. Possui uma trajetória árdua, é a primeira e única árbitra na região. Se dedicou por 12 anos até atingir o cenário nacional. Sempre teve que quebrar preconceitos e barreiras para conquistar espaço dentro de um mundo dominado por homens.
Iniciou sua carreira em 2004 em jogos do Jocol (Jogos Comunitários de Lages). “É futebol amador que reúne atletas que já sonharam em ser profissionais, quem trabalha em Jocol aprende muito, pois lá acontece de tudo, lances bizarros e até profissionais. Foi uma excelente escola, pois a cada jogo procurei fazer um bom trabalho”, comenta a árbitra.
Daiane nunca desistiu dos sonhos mesmo estando em um ambiente masculino. Com trabalho, dedicação e bom rendimento nos jogos, conquistou espaço dento da modalidade. Em 2008, entrou para a Federação Catarinense de Futebol onde está até hoje. E, em 2020, começou a fazer parte do quadro nacional de arbitragem.
Ela conta ter uma preparação diária, segue uma planilha de treinos entre pista e academia. A preparação é focada nos jogos e não apenas nos testes. “Meu horário de treino é no intervalo do trabalho ao meio-dia (Daiane é secretária em uma empresa) e o fortalecimento no fim do dia antes da faculdade”. Em 2020 iniciou a segunda graduação, Jornalismo na Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac).
A próxima prova da CBF acontecerá em Florianópolis no dia 26 de março na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). As avaliações são através de testes físicos e teóricos que habilita o árbitro a atuar em 2021. O teste é composto por coda, que é o deslocamento frontal e lateral em 11 segundos, em seguida mais 5×30 metros em 5,2 segundos e por fim 40 repetições de 75 metros em 17 segundos. A prova teórica é composta por 20 perguntas.
A Federação Catarinense possui aproximadamente 250 árbitros e assistentes, 50 devem participar dos testes para 38 integrarem a CBF. Os árbitros são indicados para o quadro nacional pela Federação Catarinense. Daiane diz se sentir preparada. “É um trabalho contínuo e diário. Foco na preparação, sigo as planilhas de treino. Me vejo preparada, mas tudo depende do corpo”.
Foto: Andrielli Zambonin Foto: Andrielli Zambonin
Preconceito ainda é uma barreira
Mesmo a mulher conquistando diariamente espaços dentro da sociedade, o mundo do futebol por ser predominante de homens ainda é preconceituoso. Muitos não entendem o crescimento das mesmas no esporte. Ainda existem poucas na arbitragem, a falta de oportunidades faz muitas desistirem. “O preconceito existe a cada jogo. Quando chegamos para trabalhar como assistente ou até mesmo como árbitra pensam que seremos a delegada da partida e não a oficial de arbitragem”, relata a árbitra.
Porém, Daiane diz não dar ênfase ao preconceito. “Não me vejo em um ambiente masculino, me vejo como alguém que batalha muito pela igualdade, me sinto à vontade nas partidas. E luto para entenderem que lugar de mulher é onde ela quiser”.
“Não me vejo em um ambiente masculino, me vejo como alguém que batalha muito pela igualdade, me sinto à vontade nas partidas. E luto para entenderem que lugar de mulher é onde ela quiser”
Daiane representa o empoderamento feminino. Sempre teve que criar espaço e mostrar que teria espaço. Já trabalhou em mais de 20 finais do amador, na Federação Catarinense já atuou na Copa Santa Catarina e nas Séries B e C. Representando a CBF, já atuou em nove partidas. Daiane treina e trabalha diariamente para representar Lages na Confederação Brasileira de Futebol.