Home Futebol De sensação a interrogação. O que esperar do Brusque no restante da Série B?

De sensação a interrogação. O que esperar do Brusque no restante da Série B?

Sidney Silva analisa 6 pontos que justificam o mal momento do Marreco na segundona

por Sidney Silva
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OPINIÃO – POR SIDNEY SILVA


Dizem que no mundo do futebol, em um ou dois jogos, tudo pode mudar, e o Brusque FC é a prova crua disso. Há 30 dias, o time era líder da Série B e uma das sensações da Série B do futebol brasileiro. Mas, como se fosse da noite para o dia, o cenário alterou.

Em 10 jogos, o time venceu quatro, três deles consecutivos, em seu ápice nas primeiras rodadas. Porém, agora, o Marreco tem apenas uma vitória nos últimos cinco jogos, são três derrotas consecutivas. O aproveitamento de 66,6% nos primeiros cinco jogos despencou para 20% nos cinco últimos. O desempenho se refletiu na tabela. De líder, a equipe caiu para a 11ª colocação.

Mas o que explica a oscilação do Bruscão?

Os problemas do Brusque são vários, e não se explicam somente nas escalações do técnico Jerson Testoni, mas principalmente pelo modelo de jogo. O Brusque joga com um buraco no meio campo e não é de hoje tem um meio campo inofensivo. Thiago Alagoano, craque do time e maior salário do elenco, vive uma má-fase que parece sem fim. E as opções que tentaram fazer a função do camisa 10 também não tiveram o efeito desejado. Taliari oscila entre bons e maus momentos, muitas vezes também por jogar pelas beiradas, quando rende mais pelo meio. Já Diego Mathias até agora também não mostrou a que veio e nem justificou o investimento do Brusque em trazê-lo.

Falta reposição

Neste cenário, fica claro que falta para o Brusque qualidade e boas peças de reposição. E aí a culpa não pode cair só no treinador, mas também na diretoria, que precisa reforçar. O espasmo do começo do campeonato, que gerou uma gordura e tranquilidade para o Brusque, já não existe mais. O time precisa de peças de reposição em todos os setores, o que é preocupante. Tirando Edu, que já está com a coluna doendo de tanto levar o time nas costas, apenas o volante Zé Mateus apresenta certa regularidade.

Esquema sem resultado

O 4-2-3-1 foi por muito tempo o esquema de jogo que trouxe bons resultados para o técnico Jerson Testoni, mas está na hora de o treinador do Brusque buscar uma outra solução, sob o risco de cair abraçado com o modelo de jogo e com o mal momento de Thiago Alagoano, Diego Mathias e até mesmo Garcez, que foi incorporado de forma precoce no desespero do Brusque por falta de opções, num equívoco da comissão técnica e diretoria, até mesmo por não se tratar de um jogador com qualidade suficiente para desequilibrar a partida. Trata-se de um jogador comum.

O fato é que Jersinho gosta de atuar pelas beiradas, como sempre ressalta explorando a rápida transição, mas suas peças atuais não mais permitem ao treinador ter êxito com esse estilo de jogo, que não é de hoje gera muitas críticas. Como já citado, Diego Mathias é ineficiente, Garcez corre sem destino, Thiago Alagoano e Gabriel Taliari não rendem nesse setor e Bruno Alves tem lampejos entre boas e más atuações. Ou seja, não há no elenco peças capazes de subsidiar a ideia de jogo do treinador e por isso cabe a ele buscar outras alternativas.

Time se tornou previsível

O fato é que o Brusque hoje se tornou uma equipe muito previsível. O time joga tanto pelas pontas que a rotação da equipe praticamente não passa pelo meio e isso pode ser comprovado no mapa de calor pela das partidas, que mostram, inclusive, a sobrecarga pelo setor direito de ataque, em bastante desequilíbrio em relação ao esquerdo. Ofensivamente, o time parece não ter jogadas, abusando apenas das bolas cruzadas na área em busca de aproveitar a estrela de Edu. Não há jogadas individuais e jogadores que chamem a responsabilidade do jogo para quebrar as linhas defensivas. Paralelamente, como a equipe praticamente não atua por dentro, utilizando os meias de ligação, há um buraco muito grande entre o sistema defensivo e ataque. Foi por aí que começou o primeiro revés no campeonato, diante do Vitória da Bahia, até culminar na derrota do fim de semana para o CSA.

Falhas defensivas minam reação

Dizem que uma boa equipe e um time seguro começam pelo goleiro. E o Brusque vem sofrendo com isso na Série B. Jefferson Paulino até começou com boas atuações, mas aos poucos deixou de passar segurança, em um sistema defensivo que a cada dia é mais vulnerável e por isso se tornou uma peneira, com 9 gols sofridos nos últimos 3 jogos, média de 3 por partida. Foram 5 gols sofridos nos duelos contra CSA e Remo, equipes que até então tinham os piores ataques do campeonato. Preocupante.

Aliás, as derrotas do Brusque na competição, em grande parte passaram por erros individuais. Toty foi vilão em derrotas para Vitória, Vasco e Guarani, respectivamente. Demorou para ser sacado da equipe, apesar de ir bem na parte ofensiva. Éverton Alemão e Ianson também vivem mal momento, e Claudinho, quando teve oportunidades, também não mostrou segurança. Aí fica difícil para qualquer treinador.

Necessidade de reação imediata

Diante do Botafogo, no fim de semana, o Brusque vive uma situação bastante delicada. Em seu pior momento na competição, a necessidade de reação é imediata, diante um Botafogo que também vem muito pressionado. E, para ajudar, a sequência do Brusque é terrível, com Vila Nova e Náutico fora, depois da partida contra o Glorioso. O Brusque vai precisar de muito mais para somar pelo menos 4 pontos nestes 9 possíveis, o que seria o mínimo para a equipe não ficar muito perto da parte debaixo da tabela.

Pontos perdidos para equipes como CSA e Remo podem custar caro, sobretudo porque o time deve ter muitas dificuldades contra os adversários que vão lutar na parte de cima da tabela. Em 3 de agosto tem duelo em casa, contra o Coritiba, jogo atrasado que é fundamental para a equipe dar uma respirada na tabela. O aproveitamento, hoje, é de apenas 43%. Cabe ressaltar que, das quatro vitórias do Brusque na competição, três foram contra os últimos colocados (Ponte Preta, Brasil de Pelotas e Londrina). O outro triunfo foi contra o nono colocado Avaí.

Foto: Jefferson Alves/BFC