Pela primeira vez, a Copa do Mundo será disputada entre os meses de novembro e dezembro. Também pela primeira vez o Oriente Médio receberá a maior competição de futebol do planeta numa localidade equivalente ao estado de Sergipe, uma das menores regiões do país.
Antes mesmo de começar a Copa do Mundo do Catar já é conhecida como a “Copa do Inusitado”. Inusitado pelo local, pela data de realização e sobretudo pelas condições.
A tão democrática Copa do Mundo será disputada num país muçulmano, em que liberdades são violadas todos os dias e sequer foram um impeditivo para que o local fosse escolhido como a sede dessa próxima edição, o que mostra que mais uma vez o poderio econômico se sobressai em detrimento de costumes e valores que deveriam ser prioridades em qualquer cenário, inclusive no esporte.
País mais rico do mundo, o Catar não teve problema algum em cumprir com todos os protocolos da FIFA, mesmo que para isso centenas de trabalhadores tenham perdido a vida, muitos deles explorados nas construções das arenas e estruturas esportivas.
Pasme você, Paola Schietekat, uma mulher mexicana, de 27 anos, que trabalhava no Comitê Organizador do Evento, chegou a ser condenada a 100 chibatadas após denunciar ter sido estuprada por um companheiro de trabalho dentro de seu próprio quarto.
Fatos que a mídia, a FIFA e as autoridades sequer dão importância, na ânsia de venderem seu produto e mostrarem as exuberantes imagens da Copa para os mais de 200 países que vão acompanhar o Mundial.
Imagens essa geradas mediante muitas lágrimas, suor, mortes e violações de direitos humanos. Mais uma prova de que tudo vale quando o dinheiro entra em cena.
Mas se a Copa faz todos esquecerem erros e problemas, como será que o Brasil, tão dividido pós-eleições, vai lidar com este grandioso evento esportivo: As manifestações populares cessarão? Serão todos acometidos novamente pela política do pão e circo? É claro que devemos, sim, apreciar a Copa do Mundo, mas que ela não seja uma cortina de fumaça para esconder os nossos problemas do passado e do presente e, principalmente, violações à Constituição, Censura e Abusos de Poder.
O esporte mais popular do mundo não tem culpa de ser usurpado por aqueles que só visam o lucro acima de tudo, por isso ainda acreditamos na função social do futebol, como meio de interação entre os povos e levar um pouco de alegria (sem alienação) a toda nação.
Nesse mês, o EsporteSC traz em sua versão impressa um especial que tem esse objetivo: colocar você por dentro de todos os detalhes da Copa do Mundo, mas, ao mesmo tempo, te fazer refletir sobre valores que transcendem a vão além da mágica ocasionada pelos cerca de 30 dias de ilusionismo do Mundial.