Home Vale do Itajaí Grupo dissidente do Moda Brusque montará nova equipe de vôlei na cidade

Grupo dissidente do Moda Brusque montará nova equipe de vôlei na cidade

Confira entrevista especial com Luiz Antonio Moretto falando dos planos e projetos do novo time

por esportesc
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Criado em 2021, o Moda Brusque Vôlei viveu uma ascensão meteórica e projetou novamente o nome da cidade no cenário nacional após mais de uma década. Um case de sucesso no marketing ainda colocou a cidade em evidência mundial, com a projeção de Ruth Hoffmann, então como 84 anos, como a atleta mais idosa do mundo a participar de uma partida oficial.

Todos os holofotes estavam no projeto brusquense, que de forma fulminante venceu tudo que disputou já em seu primeiro ano. Superliga C, Jogos Abertos de Santa Catarina, e o Campeonato Estadual. A primeira derrota do time, que viveu uma longa lua de mel com a torcida, ocorreu apenas em 12 de setembro de 2022, quando as meninas de Brusque foram derrotadas pelo time de São Carlos (SP), já na Superliga B.

Mesmo assim, o projeto seguiu em crescimento, culminando com o vice-campeonato da competição nacional e uma vaga na elite do voleibol nacional. Era o ápice do time brusquense. Mas foi aí que as coisas deixaram de funcionar.

O até então diretor de Turismo da Prefeitura de Brusque, Ivan Jasper, responsável por captar patrocínios para o time, foi o primeiro a deixar a equipe. Outras pessoas próximas também se afastaram do projeto, entre eles Edson Garcia, então diretor-geral da FME Brusque e, por último, Luiz Antonio Moretto, braço direito do técnico Maurício Thomas, sempre envolvido com o treinador em projetos da Abel.

O motivo que todos alegam é o mesmo: falta de poder nas decisões sobre o clube. Mas o ápice de tudo foi o acesso da equipe à Superliga A. O que era para ser motivo de comemoração, para esse grupo, hoje se comprovou um erro. A mudança de nome de Moda Brusque Vôlei para Abel Moda Vôlei foi o ápice para esse racha. E os resultados vieram dentro de quadra.

Sem poderio econômico comparado as grandes potencias do vôlei, o time de Brusque sofreu. Perdeu o Estadual, ficou em sexto nos Jogos Abertos e fez uma das piores campanhas de uma equipe na história da Liga Nacional. O orgulho virou frustração.

Em meio a esse cenário, o grupo formador por Moretto, Jasper, Garcia e Jonas, ex-médico da equipe brusquense, volta à cena com o objetivo de criar um novo projeto de voleibol na cidade. Acompanhe abaixo a entrevista com Luiz Antonio Moretto, um dos responsáveis do grupo.

Entrevista – Luiz Antônio Moretto

EsporteSC – O que levou esse grupo a criar uma nova equipe?
Moretto – É uma ideia é antiga. Quando o Edson assumiu a Secretaria de Esportes e o Ivan o Turismo, me chamaram porque o Edson havia participado da Superliga com a Abel, em 2018, e viu que o vôlei dava público. Então, eles me chamaram para a gente reativar o vôlei adulto da cidade e já estavam encaminhando uma nova associação, com documentação, buscando CNPJ. Como nessa época o Mauricio (Thomas, técnico da Abel) estava desempregado, e a Abel com dificuldades em virtude da pandemia, falei – “Porque não fazemos isso na Abel?”. Eles gostaram da ideia. Fizemos uma reunião onde estavam eu, Edson, Ivan e a Karen (Rodrigues) como advogada da prefeitura e mediadora. Nessa reunião ficou acordado que não montaríamos uma nova associação e usaríamos a Abel. Criamos um braço dentro da Abel que seria Moda Brusque Vôlei, que agiria independente, com conta própria, porque o Ivan ia buscar os patrocínios. Ficou acordado que todas as decisões seriam tomadas por essas quatro pessoas: Eu, Maurício, Ivan e Edson. Essa era a ideia antiga.

EsporteSC – Como surgiu a ideia do nome “Moda Brusque”?
Moretto – A ideia do Moda Brusque Vôlei surgiu porque Brusque é um polo têxtil e a gente atrairia visibilidade como cidade da moda. E a ideia do Ivan, que era secretário de Turismo da época, era usar isso como promoção da cidade, como capital da moda para o Brasil inteiro. E nada melhor que o voleibol, que é um agente de mídia muito forte, perante um público grande. A ideia era essa. Inclusive o nome Moda Brusque é registrado em nome do Ivan. Moda Vôlei foi um plagio criado pelo Mauricio para não perder a deixa do Moda Brusque Vôlei, infelizmente.

EsporteSC? Quando começou efetivamente essa ruptura?
Moretto – Após ganhamos todas as competições que participamos, entre elas os Jogos Abertos, Superliga C e fomos vice da B. Quando chegou o período de decisão, para ir para a Superliga A, fizemos uma reunião e decidimos que só iriamos se tivéssemos condições financeiras de subir para a Superliga A e não voltar. Não queríamos que acontecesse o que aconteceu, que é a equipe perder todas as partidas, 22 jogos, e não divulgar isso. Já havia acontecido em Balneário Camboriú, também com o Mauricio como técnico. Então, é a segunda vez que ocorre, e isso denigre e leva uma imagem negativa da cidade. O projeto que tínhamos de transformar Brusque capital da moda seria motivo de chacota, porque o torcedor não perdoa. ‘Você perde 22 jogos, sem ganhar nenhum?’. Decidimos que só iriamos para a Superliga A se tivéssemos condições. Neste momento, o interesse particular prevaleceu. Como o Mauricio era detentor do CNPJ afastou as pessoas, e essas pessoas, Edson, eu (Moretto), Dr. Jonas não ganhávamos nada. As duas únicas pessoas que ganhavam dentro do projeto eram o Mauricio e Everton (auxiliar técnico). A nossa ideia era divulgar a cidade como polo têxtil, capital da moda, era um projeto maior que tínhamos em mente. Não era entrar numa competição e perder 22 jogos.

EsporteSC – A nova equipe já tem um nome definido?
Moretto –
O nome original, que é patenteado, registrado no nome do (Ivan) Jasper, que é o Moda Brusque Vôlei, ele foi plagiado pela Abel. Aí ficou Moda Vôlei, que é uma coisa que não tem finalidade nenhuma. Foi só um plágio para aproveitar a mídia conseguida pelo Moda Brusque para a Abel. Hoje, a gente não tem a definição se continua com o Moda Brusque ou se vamos adotar outro nome que tenha um aspecto bom para a cidade. Temos intenção de fazer algo assim.

EsporteSC – Quais os objetivos da equipe a curto e médio prazo?
Moretto –
Com certeza, queremos jogar as competições adultas, mas vamos pensar também na possiblidade de uma abrangência maior, que é o caso de quando eu era o coordenador da Abel. Estruturei 18 núcleos na cidade, em escolas públicas de Brusque. Chegamos a atender próximo de mil crianças no ano e tudo isso depois que eu sai acabou-se. Hoje só existe o núcleo na Arena. Isso é uma coisa que temos que pensar, porque pensamos no voleibol para a cidade de Brusque e não para nós pessoas. Temos intenção de fazer o que for melhor e der mais visibilidade positiva a cidade.

EsporteSC – Quais serão as primeiras competições do time?
Moretto – A associação, na época, como citei, eles vieram com uma já pronta e aí foi parado o projeto. Agora, para agilizar as coisas, foi nos oferecido uma associação que foi criada pelos pais dos atletas do voleibol masculino, que também foi uma associação criada em virtude de que a Abel prometeu um suporte maior para o masculino na época e não deu. Aí, esses pais também foram dissidentes e criaram a associação. Por fim, eles não conseguiram viabilizar a associação, mas ela tem CNPJ e nós assumimos essa associação e estamos deixando a parte legal dela “ok” para no próximo ano disputar competições de nível estadual e nacional.

EsporteSC – Como vai funcionar o projeto, de forma geral?
Moretto – O maior objetivo é manter a tradição do vôlei feminino de Brusque. Elevar o nome da cidade em nível nacional, de forma respeitosa. Queremos que ela seja vista de forma positiva. Pretendemos chegar numa Superliga A, sim, mas com uma estrutura forte, do nível que a cidade merece. A ideia é essa. Hoje temos nossos vizinhos Blumenau, que ficaram quatro anos na B, e agora conseguiram entrar na A, e bem estruturados. Temos intenção de fazer a mesma coisa.  Chegar à Superliga A, não interessa o tempo que leve, mas chegarmos numa condição decente, para que a cidade de Brusque seja vista de forma positiva não só no Brasil, como no mundo, como fizemos na época do Moda Brusque com a promoção da dona Ruth, que foi uma mídia positiva para a cidade, que alcançou grande parte do mundo de uma carinhosa. Brusque ganhou muito respeito com isso. Nossa ideia são promoções assim. Não temos possiblidade de fazer loucura, entrar numa competição sem as mínimas condições. Não faremos isso. Temos a ideia de promover a cidade e fazer isso bem.

EsporteSC – Brusque comporta duas equipes de voleibol?
Moretto – Com relação a duas equipes na cidade, não fizemos pesquisa, nada disso. Mas vale salientar que, durante a gestão em que todos opinavam, que era decidido em grupo, que é a gestão Moda Brusque, nós ganhamos todas as competições: o Estadual, regional dos Jasc, Jogos Abertos, Superliga C e fomos vice da B, um currículo de vitórias extenso. Além disso, tivemos promoções de marketing de nível nacional e internacional. Quando a gestão passou para a Abel as pessoas foram afastadas. O orçamento triplicou e os resultados foram ruins: segundo no Estadual, sexto nos Jogos Abertos e nenhuma vitória na Superliga A, perdendo todos os 22 jogos, além de uma diminuição significativa do público. Pretendemos fazer nosso trabalho sem olhar para outro lado, e trabalhar com bastante responsabilidade sobre o valor dos patrocínios que venhamos a conseguir.