Na semana em que completou 16 anos, no último dia 22 de junho, Gabriel Simon ganhou um presente que muitos jovens goleiros catarinenses sonham, mas poucos conquistam: o contrato assinado com o Sub-17 do Avaí, o “Leão da Ilha”, clube mais vezes campeão de Santa Catarina. O garoto de 1,91 metros que um dia foi criticado pelo peso, pelas limitações respiratórias e até sofreu bullying, hoje ergue a cabeça para se tornar uma das promessas debaixo das traves no Brasil.
A história de Gabriel é sobre superação. Natural de Brusque, começou no futebol aos oito anos — era zagueiro, mas não se encontrou na linha. Em 2021, decidiu calçar as luvas. O início não foi fácil: “Eu era muito acima do peso, treinava duas, três vezes por dia. Passei por muitas dificuldades, problemas de saúde, asma, percentual de gordura alto. Muita gente não acreditava”, lembra.
Mesmo assim, não desistiu. Em 2022, vestiu a camisa do Avaí pela primeira vez. Depois rodou por clubes como Brusque, Azuriz (PR), Marcílio Dias — onde foi o goleiro mais jovem da última edição da Copa São Paulo de Futebol Junior. Até chamar a atenção do Leão, estava no Sub-17 do Carlos Renaux, clube que define como “uma família que abriu portas e ainda vai crescer muito no futebol catarinense”.
Foto: Rafael Alves/ESporteSC
Agora, o retorno ao Avaí é o recomeço de um sonho que amadureceu com muito treino, disciplina e fé. “Foi muito bom saber que meu trabalho está sendo reconhecido. Todo o meu esforço, cada treino, cada dia de luta. O convite foi uma surpresa, mas eu sempre imaginei voltar ao Avaí para construir uma história concreta e cheia de vitórias”, projeta Gabriel.
O treinador do Sub-17 do Renaux, Diego Corrêa, enxerga longe: “Para mim, o perfil dele é para a Europa, pelo tamanho, pela idade e pelo que vem mostrando. É um menino comprometido, focado. A intensidade do futebol hoje exige muito extracampo, alimentação, profissionalismo. Ele sempre foi além, às vezes tínhamos que segurar a ansiedade dele de tanto que queria evoluir”.
Essa fome de evolução não se explica sem olhar para a base de tudo: a família. Gabriel carrega consigo um elo forte com os pais, Marciel e Cristina, e com a irmã, Cati — que é, junto com a mãe, sua maior fã. “Ela sofre junto, vibra junto. É muito emotiva”, conta a mãe. Cristina revela que a família se organizou para viver o sonho do filho: “Temos uma loja, mas eu e a Cati cuidamos dela para o pai, Marciel, acompanhar o Gabriel em tudo. É a condição que ele mesmo impôs: quer a família por perto, sempre.”
Essa união foi crucial nos momentos mais difíceis. “No começo ninguém queria treinar ele por causa do peso. Mas ele sempre acreditou. É um menino de muita fé. Ele ora antes de dormir, ao acordar, sempre pede para rezarmos juntos. E dizia que sentia que algo grande viria — e veio”, conta Cristina, emocionada.
Marciel, o pai, confirma: “Goleiro é o primeiro a chegar e o último a sair. É chuva, sol, dedicação, resiliência, perseverança. O Gabriel tem tudo isso. É educado, parceiro, amigo, confidente. Como pai, é gratificante ver isso se realizar”.
Hoje, o menino de Brusque se inspira nos gigantes: Cássio, do Cruzeiro, e Courtois, do Real Madrid. E não falta autoconfiança: “Sou um goleiro forte, rápido, tenho decisão e segurança com as mãos, principalmente embaixo da trave”.
Para ele, o Avaí representa muito mais que uma chance. É a plataforma para alcançar voos ainda mais altos. “Vou encontrar estrutura fenomenal, pessoas que já conheço, comissão técnica preparada. Quero fazer história.”
Aos que duvidaram, fica o recado: “Nunca desacreditem de si mesmos. Tudo é possível quando se treina e acredita”. E para quem hoje acompanha essa nova etapa, fica a certeza de que, com talento, trabalho duro e uma família que veste a mesma camisa, as defesas mais difíceis podem ser vencidas — dentro e fora de campo.
Confira as imagens da promessa brusquense, Gabriel Simon, assinando contrato com o Avaí
