Home FutebolAmador “Me senti sozinho, sem ajuda, só queria que acabasse aquilo ou alguém separasse”, diz árbitro agredido no futebol amador de Brusque

“Me senti sozinho, sem ajuda, só queria que acabasse aquilo ou alguém separasse”, diz árbitro agredido no futebol amador de Brusque

Há um ano e meio na arbitragem, Paulinho viveu momentos de terror no último sábado (6), quando foi agredido covardemente durante um jogo do tradicional Campeonato Municipal de Futebol Suíço do Paquetá, em Brusque. ““Me senti sozinho, sem ajuda, só queria que acabasse aquilo ou alguém separasse”, diz.

por Sidney Silva
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As marcas no rosto já são menos visíveis, mas as feridas no peito ainda deixam fortes cicatrizes em Paulo Roberto Nandi, o Paulinho.

Há um ano e meio na arbitragem, ele viveu momentos de terror no último sábado (6), quando foi agredido covardemente durante um jogo do tradicional Campeonato de Futebol Suíço do Paquetá, em Brusque. “Me senti sozinho, sem ajuda, só queria que acabasse aquilo ou alguém separasse”, diz.

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O jogo valia o terceiro lugar do campeonato local. Em campo, disputavam as equipes Poço Fundo e Mix Estamparia. O jogo estava empatado em 2 a 2, com o Mix atuando com um atleta a menos.

O jogador havia sido expulso quando o Poço Fundo vencia por 2 a 1. Primeiro, levou o amarelo num lance de disputa de bola. Irritado, xingou o árbitro e acabou levando o segundo amarelo e, consequentemente, o vermelho.

Mesmo com um a menos, o Mix conseguiu chegar ao empate, mas aos 15 minutos do segundo tempo, uma nova expulsão na equipe, desta vez no banco de reservas, fez com que os ânimos se exaltassem. O alvo da fúria…o juiz.

Prevendo que seria agredido, Paulinho correu para o lado de fora do campo. No local, próximo ao portão, foi segurado por um membro da comissão técnica e agredido com socos pelo atleta expulso. Os nomes não foram revelados pelo árbitro, que já fez Boletim de Ocorrência contra os agressores e acionou um advogado para entrar com uma ação judicial. “Foi a pior sensação do mundo. Estar num lugar onde você é o alvo e só tens em mente correr para onde alguém possa ajudar”, relata.

O árbitro comenta que a situação só não foi pior por que alguns conhecidos que ele já apitou jogos no município ajudaram a separar. 

“Não sei o que motivou”
Três dias depois do incidente, Paulinho diz ainda não entender o porquê das agressões. “Não sei mesmo o que motivou, pois o time deles estava jogando melhor e teve várias chances de gols. E o pessoal que estava assistindo até veio me falar que o jogo estava correndo normalmente. Eles queriam ganhar a qualquer custo e eu não ia pipocar”, afirma.

O juiz comenta que vem recebendo muito apoio dos colegas de classe e que não vai deixar a arbitragem por causa do incidente. No entanto, diz que há uma comoção geral pelo fato e que dificilmente outros árbitros de Brusque e região aceitem apitar a competição. “Pensei em parar, mas tive total apoio dos colegas. Eles me deram força e falaram que não seria por causa de pessoas assim que eu iria deixar de fazer o que amo. Mas entre os árbitros que conheço e vieram falar comigo, muitos estão indignados. Acho muito difícil algum da cidade ou da redondeza arbitrar, pois não tinha segurança, muito menos solicitação de viatura no campo”, observa.

“Farei de tudo para que esses caras paguem”, diz organizador
Em contato com a reportagem do EsporteSC.com, Serafim Garcia, um dos responsáveis pela organização da competição, diz que fará de tudo para que os responsáveis pelas agressões sejam punidos. “É lamentável o que aconteceu. O que eu puder fazer para que esses caras paguem será feito”.

Segundo ele, é a primeira vez que esse tipo de incidente ocorre no campeonato e os envolvidos serão banidos da competição. “Isso nunca havia acontecido antes. Eles, aqui no Paquetá, não jogam mais. Sempre procuramos fazer tudo o mais certo possível, mas infelizmente aparecem esse tipo de pessoas”, lamenta.