Em 2013 o Inter de Lages disputava a pior divisão do Campeonato Catarinense, os colorados chamavam de “Inferno da terceira divisão”. Pablo Gomes, na época jornalista do Diário Catarinense (DC), cobriu toda a saga do Internacional até a conquista do título. O foco do jornalista não era a competição em si e muito menos os jogos. O objetivo era encontrar personagens e fazer o Leão Baio, mesmo na Série C, ser destaque estadual e nacional.
Inter de Lages destaque nacional
O Leão Baio se tornou destaque nacional após desaposentar o volante Martinho Bin, com 56 anos, para a disputa da terceirona catarinense. A notícia tomou conta na mídia e foi destaque no blog do “Terceiro Tempo” de Milton Neves, o “Que fim levou? ”.
O volante, ídolo do clube no passado, estreou na sexta rodada do primeiro turno e não decepcionou, deu o passe para um dos gols na vitória por 6 a 0 sobre o Maga, em jogo na cidade de Indaial.
Pablo conta que Martinho Bin era é o recordista de número de partidas, com mais de 400 jogos. “Foi considerado na ocasião o jogador profissional mais velho em atividade no Brasil. Lembro que entrevistei inclusive um representante da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o cara atestou para mim que era um caso raro. Foi uma semana inteira falando sobre isso no jornal”, ressalta o jornalista.
“O repórter do Diário Catarinense está cobrindo um jogo entre Maga e Inter?“
Quando o Inter amargava a terceira divisão jogava contra times praticamente amadores. Em umas das partidas, jogou contra uma equipe chamada Maga, de Indaial, esse clube se profissionalizou em 2009 e levou três anos até vencer a primeira partida. “Lembro que tinha um time chamado Maga que ninguém sabia exatamente de qual cidade era, não tinha estádio, tinha atletas completamente fora de forma física, era amador. Esse time era goleado em todos os jogos”, relembra o jornalista.
No jogo do returno o Leão Baio derrotou a equipe de Indaial por 13 a 0, maior goleada de sua história. Nessa partida, Pablo conta um fato curioso e engraçado. “No estádio tinha uma equipe de rádio transmitindo o jogo, eu pelo jornal e na arquibancada estava minha esposa, meu pai e sua ex-companheira, e pouquíssimos torcedores, estava só nós acompanhando o internacional”, relata.
O jornalista conta que as pessoas se perguntavam o porquê um repórter de um jornal estadual estava cobrindo a Série C do Campeonato Catarinense. “As pessoas pensavam “O repórter do Diário Catarinense está cobrindo um jogo entre Maga e Inter? ” A ideia não era cobrir o jogo e a competição, até porque não era o interesse do leitor do jornal na época e sim acompanhar o Inter de Lages, time tradicional no sul do Brasil, que já foi campeão do estado, com história tradição, camisa de peso e torcida grande”, explica o repórter.
“A ideia não era cobrir o jogo e a competição, até porque não era o interesse do leitor do jornal na época e sim acompanhar o Inter de Lages, time tradicional no sul do Brasil, que já foi campeão do estado, com história tradição, camisa de peso e torcida grande”, explica o repórter.
O começo
Pablo vendia pautas ao Diário Catarinense e conta que os editores na época sabedores da história e da importância do Inter, acataram a ideia. “Vamos acompanhar o Inter na Série C para mostrar a saga de um dos principais clubes do estado na pior divisão do futebol de Santa Catarina”, relembra. Então, o jornalista, acompanhado do repórter fotográfico Alvarélio Kurossu, foi em praticamente todos os jogos do Leão Baio, quando era fora de casa, os jornalistas conseguiam fotos e informações com jornais parceiros.
“Vamos acompanhar o Inter na Série C para mostrar a saga de um dos principais clubes do estado na pior divisão do futebol de Santa Catarina”, relembra o jornalista.
Ambos acompanharam toda a saga do Inter na terceira divisão conseguiram inclusive matérias de duas e três páginas no DC, fotos de capa e contracapa, espaços nobres em um dos maiores jornais do Brasil. “Procurávamos, a cada jogo, um gancho diferente. Não era o jogo ou a história do jogo que nos interessava, mas as histórias envolvidas a cada rodada. Sempre buscávamos histórias diferentes, sempre uma coisa mais humanizada. O Inter foi campeão da terceira divisão e posteriormente da segunda”, relata o repórter.
Exemplo de jornalismo esportivo
Pablo acompanhava as partidas uniformizado, mas não com roupas do jornal, e sim com a camisa do Internacional, após pedir autorização ao Diário Catarinense. Ele relata que foi um prazer aceitar esse desafio, fazer um clube da terceira divisão virar destaque fora do estado. “Foi uma experiência muito bacana, um exemplo de jornalismo humanizado e esportivo, um exemplo para Santa Catarina e para o Brasil. Sinto muito orgulho de ter feito parte daquele projeto, deu muito trabalho. Abri mão de fazer muita coisa, abri mão dos meus finais de semana de folga, mas foi uma missão que eu abracei e cumpri com sucesso”, finaliza.
“Foi uma experiência muito bacana foi um exemplo de jornalismo humanizado e esportivo, um exemplo para Santa Catarina e para o Brasil”, finaliza Pablo.
Fotos: Pablo Gomes/Arquivo Pessoal