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Opinião: Falta “malícia” à diretoria do Brusque na Série B

Caso Celsinho e erros de arbitragem contra o clube expõem fragilidades e falta de trabalho nos bastidores

por Sidney Silva
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O Brusque FC sofreu dois duros golpes na sexta-feira (24). À tarde, a equipe foi penalizada com a perda de 3 pontos mais multa de R$ 60 mil no caso Celsinho. Já à noite, o time perdeu em casa para o Vasco da Gama, com uma arbitragem bastante contestável e erro do VAR.

E o que estes fatos têm o comum? Os dois episódios só mostram a fragilidade da diretoria do Brusque e como ela ainda não se acostumou a lidar com a exposição de um time de Série B. Sobretudo, os fatos mostram como a diretoria tem dificuldades de se posicionar em situações que merecem uma atitude firme de seus representantes.

Começou pela falta de habilidade de lidar com a acusação de racismo, que seria até um ato tranquilo caso o time tivesse feito o básico e dito que, no mínimo, “iria investigar”. O desdém a situação custou caro com uma demora absurda para manifestação (que deveria ter ocorrido logo após o jogo) e quando veio, ocorreu da forma ao qual todos já acompanhamos, com a fatídica nota, que até agora ainda não teve “pai” (e nem “mãe”).

Se de fato veio do jurídico, era dever da presidência do clube e dos diretores terem barrado, até por uma questão de bom senso. Se veio da comunicação, pior ainda, pois é essa justamente que cuida da imagem do clube. E mesmo que não tenha vindo, essa deveria, no mínimo, ter alertado a todos sobre o estrondo que isso faria na imagem do clube.

Mas caso consumado, o fato é que a inabilidade do Brusque com a situação não parou por aí. Mesmo depois da nota tardia (no domingo à tarde), e depois de toda repercussão negativa, o presidente Danilo Rezini poderia ter ligado para Celsinho no dia seguinte ao comunicado, pedindo desculpas em nome da instituição, isso aliviaria um pouco a barra do clube.

Além disso, cientes de que todos os programas esportivos repercutiriam a nota na segunda-feira, o Brusque errou novamente, pois, tivesse se manifestado já na segunda pela manhã, poderia ter equilibrado o noticiário, inclusive mostrando que já havia entrado em contato com Celsinho pedindo desculpas pelo ocorrido e sobretudo pela nota infeliz. O clube teria recuperado um importante ponto na guerra de narrativas.

Mas nenhum dirigente deu a cara, deixando com que a mídia deitasse e rolasse sobre o caso, com pré-julgamentos e condenações ao clube e a cidade. Faltou postura e liderança para os representantes do Bruscão. Alguém deveria ter falado em nome do clube.

Mas voltando à sexta-feira, 24. O Brusque mostra que mesmo com todas as bordoadas ainda não aprendeu a lidar com a situação e com a Série B como um todo. Após o clube ser condenado a perder de três pontos, nenhum dirigente falou oficialmente sobre o caso, talvez com medo de “complicar” ainda mais a situação do clube ou até mesmo pela exposição. O Brusque, condenado, engoliu quieto a punição, quando, na verdade, deveria emitir um parecer ao seu torcedor com posicionamento firme discordando da decisão, que influi diretamente na tabela da competição. Quando se “cala”, passa a impressão de que achou justa a pena, e até mesmo de que esperava uma punição maior.

Caberia tudo ao Brusque multa pesada, perda de mando de campo, menos a perda de pontos na competição, até mesmo porque a situação beneficiava o Londrina, envolvido no caso e concorrente direto do Bruscão na tabela de classificação. E a diretoria deveria ter deixado esse descontentamento bem claro. Vale ressaltar, ainda, que o clube nada fez, efetivamente, desde o momento em que se tornou réu, para trazer a opinião pública ao seu lado, ficando refém de um julgamento bastante “emocional”, “midiático” e pouco “técnico” dos auditores do STJD.

Mas a falta de habilidade da diretoria do Brusque não parou por aí. Já à noite, diante do Vasco da Gama, os dirigentes do Bruscão mais uma vez deixaram a desejar. Assaltados em casa, viram o VAR prejudicarem a equipe, no segundo golpe do dia. E pasmem, mais uma vez, ficaram calados. De novo, faltou posicionamento do clube contestando os claros erros de arbitragem, principalmente o gol anulado, inconcebível numa era em que o aparato tecnológico dá todas as condições e recursos para que a justiça seja feita no futebol.

E assim, o Brusque vai se tornando o time que não reclama, que não tem voz, de uma pequena cidade do interior de Santa Catarina. E se não tem voz, talvez não haja problema em erros e decisões que afetem o trabalho e dia a dia do clube. Ninguém mesmo vai reclamar…

Foto: Lucas Gabriel Cardoso/BFC