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Ciclismo, a modalidade está na UTI em Santa Catarina

Pude observar durante a semana passada no município de Caçador durante a realização dos Joguinhos Abertos de Santa Catarina que o ciclismo catarinense vive momentos preocupantes. O número de ciclistas que esteve disputando a edição deste ano dos Joguinhos foi muito baixo, por consequência, o nível técnico ao invés de melhorar, vem despencando.

por Sidney Silva
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Pude observar durante a semana passada no município de Caçador durante a realização dos Joguinhos Abertos de Santa Catarina que o ciclismo catarinense vive momentos preocupantes. O número de ciclistas que esteve disputando a edição deste ano dos Joguinhos foi muito baixo, por consequência, o nível técnico ao invés de melhorar, vem despencando.

Brusque terminou a competição na quarta colocação na classificação geral da modalidade, somando 13 pontos. Isto com apenas 2 atletas e disputando apenas 2 provas das 4 da programação. Ah …. mas isto é possível. Seria aceitável se os nossos 2 ciclistas tivessem conquistado medalhas nas 2 provas disputadas, o que daria uma pontuação em torno de 25 pontos. Mas não foi isto que aconteceu. Dentro de nossas possibilidades, participando com 2 ciclistas jovens (com idade de Olesc) conseguimos conquistar uma 5ª e 6ª colocação da prova de contrarrelógio, com Bruno Sevegnani Hansen e Luis Henrique Heckert Constantini. Além de uma 6ª posição na disputa da prova de resistência, novamente com o Bruno.  Considerando a idade dos meninos, foi um resultado bom.

Agora, terminar com a 4ª posição na classificação geral por municípios, somente com estes resultados, com 13 pontos? Algo está errado. Claro que eu sei o que é. Isto é reflexo do baixo número de ciclistas que disputaram os Jogos.

De quem é a culpa?

Apontar culpados é o mais fácil a se fazer. Não quero ser covarde, então inicialmente irei assumir a nossa culpa, pois Brusque também não está fazendo o seu papel. De qual papel estou falando? Trabalho de renovação, com as categorias de base. Iniciação mesmo. Precisamos resgatar a força do ciclismo brusquense e isto somente pode ser feito através dos trabalhos com as escolinhas. Realizar campeonatos escolares. Atrair nossas crianças à prática de uma modalidade esportiva. Esporte é saúde e a bicicleta faz parte do dia a dia de nossas crianças.

Para o próximo ano a BRUCICLE terá um grande desafio. Resgatar a realização do Escolar de Ciclismo, no qual tenho certeza de que novos talentos irão surgir. Certeza porque já fizemos isto. Sabemos fazer. É momento de arregaçar as mangas novamente e garimpar novas pedras preciosas para serem lapidadas. Com o apoio do poder público, através da Fundação Municipal de Esportes e da iniciativa privada, conseguiremos montar uma equipe representativa e com atletas da casa, não precisando contratar de outros municípios. Coisa que o ciclismo brusquense sempre fez.

Voltando aos Joguinhos Abertos deste ano, segue abaixo um comparativo com os anos anteriores, de como seria a classificação de Brusque com estes 13 pontos conquistados:

. 2016 2014 2013 2012 2011 2010
134 125 117 92 101 75
20 30 36 40 41 38
15 23 25 40 23 24
13 21 22 24 21 22
. . 6º – 13 8º – 13 8º – 13 7º – 13 6º – 13

Mas o desafio não pode ser somente de Brusque. Para o ciclismo catarinense voltar a ser o que era, precisamos que outros municípios também assumam a sua responsabilidade na fomentação da modalidade. Municípios tradicionais em nosso estado precisam resgatar a paixão pelo esporte das duas rodas. Joinvile, Tubarão, Concórdia, Jaraguá, Rio do Sul, Florianópolis, Pomerode e Blumenau já fizeram história em anos anteriores. Atualmente somente a cidade de Criciúma faz um trabalho forte dentro da modalidade. Forte a tal ponto de ser desigual para as demais cidades. O montante do investimento feito na cidade do Sul do Estado é muito grande. Nenhum outro município do País investe tanto no ciclismo de base. Na minha opinião, Criciúma até atrapalha o desenvolvimento do ciclismo, pois todos os ciclistas que se despontam em outras equipes, são sempre assediadas pelo fator financeiro de Criciúma. Como vocês podem confirmar na tabela acima, não existe disputa. A pontuação de Criciúma é infinitamente superior ao 2º colocado. Para se ter uma ideia, Criciúma contrata tantos atletas, que se eles quisessem montar 2 ou 3 equipes de ciclismo, eles conquistariam as 3 primeiras posições na classificação geral por municípios.

Claro. Para os atletas é excelente. Além do fator financeiro, existe toda uma estrutura a disposição dos atletas. Muito bom. Bom mesmo. Mas será que contratar tanto, ao ponto de não ter adversários para competir é o mais correto? Tenho minhas dúvidas.

A Federação Catarinense também precisa assumir o seu papel, afinal a gestão da modalidade é responsabilidade dela. Existe uma iniciativa para o próximo ano que talvez possa trazer uma luz no fim do túnel. É um Campeonato Estadual de Ciclismo Escolar, no qual o principal objetivo é trabalhar com a faixa etária que a iniciação será o foco maior. Desta maneira, se houver continuidade, em poucos anos teremos um pelotão maior em nossas corridas e somente assim conseguiremos alavancar o nível do nosso ciclismo. Não adianta fazer corrida para meia dúzia. Precisamos de quantidade. Só assim podemos ter alguma esperança em conseguir qualidade.

Vamos em frente.

Sempre com a esperança de dias melhores, afinal, somos brasileiros e brasileiros não desistem nunca.