Home Brusque Coluna Saúde do Atleta: De quem é a responsabilidade do doping?

Coluna Saúde do Atleta: De quem é a responsabilidade do doping?

Quem vai receber a punição de ter que ficar afastado da atividade esportiva é o atleta e é sobre seus ombros que recai a responsabilidade maior

por Volnei Corrêa da Silva
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Por mais que pareça difícil de aceitar, a responsabilidade de ter “caído” no doping é, praticamente na sua totalidade, do atleta. Quem vai receber a punição de ter que ficar afastado da atividade esportiva é o atleta e é sobre seus ombros que recai a responsabilidade maior.

O atleta é o único responsável pelas substâncias encontradas em seu organismo e uma violação da regra antidoping ocorrerá sempre que uma substância proibida é encontrada numa amostra do controle antidopagem. Isto é considerado independentemente de ter consumido a substância com ou sem intenção para o doping.  A isto se chama de “Princípio da Responsabilidade Objetiva”.

Perante a autoridade de dopagem o ônus da prova recai sobre o atleta. É o atleta que precisa comprovar que não houve dolo/culpa. Não que isso irá absolvê-lo, mas poderá haver uma atenuação de sua pena. A rigidez das cortes arbitrais é enorme e as punições aos atletas pegos no doping são extremamente duras.

Mas, apesar de ser o atleta o grande responsável pela presença de substância proibida em seu organismo, não só ele pode receber punição. Existe a co-responsabilidade dos agentes esportivos e de toda equipe de apoio desde que exista culpa comprovada destas pessoas em ter estimulado, prescrito, encobertado, promovido o uso de substâncias proibidas com finalidade de aumentar o desempenho esportivo. Além disto, o atleta ou membro de equipe de apoio estar em posse de substancia proibida é passível de punição.

O tempo de punição vai de 3 meses até o banimento do esporte. Este tempo depende de vários fatores como tipo de substância, culpa/dolo, método, reincidência, tráfico.

Além da possibilidade de comprometimento da saúde do atleta que usa substância proibida, a punição, caso em testagem positiva no doping, é extremamente severa acarretando prejuízo em toda sua carreira esportiva.

Estamos próximos a Olimpíada de Tóquio. Quantos casos de doping teremos?

Os casos de doping  na Olimpíada do Rio de Janeiro em 2016 foram menores que os da Olimpíada de Londres em 2012. Onze casos no Rio de Janeiro contra 39 em Londres.  As amostras ficam guardadas por 10 anos sob custódia da WADA (Word Anti-doping Agency) para novas análises caso sejam necessárias.

O número de casos vem diminuindo nas últimas edições.  Isto está diretamente relacionado com a conscientização dos atletas, com controle e punições rigorosas que tem sido aplicadas pelas Agências Anti Dopagem.

VOLNEI CORRÊA DA SILVA

Especialista em Cirurgia do Joelho em Lyon/França e Médico de Equipe pelo Futbol Club Barcelona, Volnei Corrêa da Silva tem 51 anos e é natural de Ibirubá (RS). Desde 1997 mora em Lages. Atualmente é médico do Leoas da Serra, time de Futsal Feminino de Lages, e também médico da Seleção Brasileira de Futsal Feminino. Professor do curso de Medicina na Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), Volnei também atua na CLINITRAUMA Ortopedia e Traumatologia, em Lages.