Opinião: SAF do Brusque: Uma decisão necessária, mas cercada de dúvidas

A SAF é decisiva para o Brusque, mas traz dúvidas sobre transparência e futuro. Jornalista Sidney Silva analisa riscos e oportunidades do modelo.

por Sidney Silva
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Por Sidney da Silva – Editor de EsporteSC

O Brusque Futebol Clube vive um momento decisivo em sua história. A transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), com a proposta de venda de 90% do capital social para um investidor, promete trazer novos horizontes para o clube, mas também levanta questionamentos importantes sobre o futuro. Como jornalista e observador do esporte, não posso deixar de ponderar sobre as implicações dessa decisão.

A atual diretoria, liderada por Danilo e André Rezini, merece aplausos por levar o Brusque de um time sem expressão estadual para a Série C do Campeonato Brasileiro, conquistando títulos e respeito ao longo de quase duas décadas. No entanto, como o próprio André destacou, o modelo de gestão atual atingiu seu limite. A profissionalização é inevitável para que o clube mantenha competitividade em um cenário esportivo cada vez mais exigente.

A chegada de um investidor com capacidade de aportar milhões, construir um novo estádio e um Centro de Treinamento é, sem dúvidas, um atrativo para um clube que enfrenta restrições financeiras. Contudo, há motivos para cautela. A pouca transparência na negociação até o momento gera insegurança entre os conselheiros e os torcedores. Apesar de a diretoria negar que já exista uma proposta oficial, é evidente que os investidores já influenciam decisões estratégicas dentro do clube.

É aqui que reside o dilema. Muitos conselheiros, mesmo contrários à proposta, se sentem pressionados a aprová-la, movidos pelo respeito à atual gestão e pela percepção de que não há alternativa viável. Essa postura é compreensível, mas perigosa. A transformação do Brusque em SAF precisa ser pautada por um debate franco, com acesso aos detalhes do contrato e garantias claras de que o clube não se tornará refém de interesses externos.

Além disso, o histórico do investidor Rubens Takano também deve ser analisado com cuidado. Embora sua trajetória no futebol português seja positiva, as controvérsias envolvendo investigações passadas e tentativas frustradas de adquirir outros clubes brasileiros levantam dúvidas sobre sua capacidade de entregar o que promete.

A decisão do dia 30 de janeiro é, sem dúvida, um divisor de águas. Se bem conduzida, pode representar a profissionalização e o crescimento sustentável que o Brusque tanto precisa. Se mal executada, pode colocar em risco a identidade e os valores que o clube construiu ao longo dos anos.

O Brusque não pode se dar ao luxo de errar neste momento tão crítico. Torcedores, conselheiros e a comunidade precisam se envolver nesse debate, exigindo clareza, responsabilidade e garantias para que o clube não apenas sobreviva, mas prospere em um novo modelo de gestão. É uma oportunidade única, mas também um teste de maturidade para todos os envolvidos.