Home Futebol Raio-X do Bruscão: Como em cinco anos o Brusque deixou de ser o patinho feio do estado para se transformar numa grande força em Santa Catarina

Raio-X do Bruscão: Como em cinco anos o Brusque deixou de ser o patinho feio do estado para se transformar numa grande força em Santa Catarina

Se Santa Catarina deixou de ser o zero da BR 101 nos últimos anos, como o estado era conhecido em nível nacional em virtude da falta de protagonismo na comparação com os vizinhos Paraná e Rio Grande do Sul, em solo catarinense o Brusque faz o mesmo, tirando o protagonismo de clubes renomados no estado, de Norte a Sul do Estado.

por Redação
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Da segunda divisão catarinense em 2015, a um dos clubes que mais crescem em Santa Catarina. Os últimos cinco anos foram de consolidação para o Brusque FC como uma das forças emergentes do estado e como o maior clube fora dos cinco considerados “grandes” na terra barriga verde.

Se Santa Catarina deixou de ser o zero da BR 101 nos últimos anos, como o estado era conhecido em nível nacional em virtude da falta de protagonismo na comparação com os vizinhos Paraná e Rio Grande do Sul, em solo catarinense o Brusque faz o mesmo, tirando o protagonismo de clubes renomados, de Norte a Sul do Estado.

Único time catarinense a terminar o ano passado tendo algo a comemorar, a equipe esse ano já vem se projetando também para brigar por mais um título Catarinense. O fato é que de 2015 a 2020, o time só cresceu. Os títulos foram vários, a começar pela própria conquista da segundona, naquele ano. Depois, presenças consecutivas na Copa do Brasil, como também no Campeonato Brasileiro da Série D, consolidaram a marca Brusque FC. No período, foram ainda duas Copa SC, o título da Recopa Catarinense em 2020 e, claro, o feito mais marcante, o acesso à Série C do Brasileiro, com direito a título inédito da competição.

Era a credencial que o Bruscão precisava. Mas, se em campo os resultados vieram, isso também tem muito a ver com a reestruturação do clube. O presidente Danilo Rezini ressalta que o departamento de futebol, sob os cuidados de André Rezini e Carlos Beuting, sempre funcionou bem, ao lembrar que mesmo em momentos em que o time não conquistou os objetivos esperados a equipe montada foi competitiva. “O Carlos e o André tem muitos contatos e entendem muito de futebol”, elogia.

Para Beuting, atualmente na vice-presidência, o desempenho dentro de campo foi fundamental para o desenvolvimento de outros setores. A conta é simples. Com mais competições para disputar, o time ganhou mais dinheiro, os bons resultados aumentaram o poder da marca, trouxeram mais patrocínios, premiações e, de quebra, proporcionaram contratos mais longos com os atletas, mantendo a base do Brusque sempre forte. “Conseguimos o que todo o clube busca. Isso nos dá visibilidade, traz novos patrocinadores, eleva a marca do clube e inflama o torcedor”, comenta. “Hoje, todo jogador quer jogar no Brusque”, complementa André Rezini.

A soma de fatores, obviamente, mexeu com a estrutura do clube. O título nacional e calendário cheio também motivaram a torcida e fizeram a cidade voltar a respirar o Brusque FC. Ainda no início do ano passado, antes do feito histórico da Série D, o Brusque montou um plano de sócio-torcedor e realizou diversas ações de marketing para se aproximar da torcida. O número de sócios ainda não é expressivo, atualmente são cerca de 600 pessoas, mas a supervisora de comunicação, Ana Paula Bitencourt, diz que eles estão dentro do esperado. “O programa vinha numa crescente, mas, infelizmente, sofremos com a pandemia. Importante frisar que mesmo com a crise econômica, o sócio segue adimplente”, comenta. Segundo ela, a expectativa do clube é chegar à meta de 1 mil associados até o fim do ano. “O programa está estruturado. O fato de ter um calendário cheio e de grandes competições influencia diretamente nas adesões. A evolução é gradual, porque ainda não havia um programa de sócio-torcedor, apenas alguns sócios pelo Samae, os quais estamos migrando para o plano novo”, diz.

Financeiro e Jurídico
Um dos primeiros passos para o Brusque ser mais estável foi a reestruturação do departamento jurídico, um dos primeiros a serem organizados além do departamento de futebol. Um dos exemplos é um acordo trabalhista único que o time realizou no Ministério do Trabalho, com todos os atletas e profissionais que mantinham ações contra o Brusque. “Hoje, o Brusque paga uma quantia fixa por mês, o que nos possibilita controle sobre esse gasto’, afirma Rogério Lana, o homem que ganhou carta branca para ajudar a reorganizar o departamento financeiro do clube.

Atualmente, o Brusque trabalha com planejamento semestral e anual. Com isso, dentro dessas duas divisões, ocorre o controle de receitas e despesas. Desta forma é possível projetar o custeio do clube. Neste fator estão inclusos desde as folhas de pagamento dos jogadores ao controle da compras de materiais.

Lana explica que, desde que chegou ao clube, em 2018, a receita de patrocinadores aumentou cerca de R$ 170 mil. Saltou de R$ 120 mil para R$ 290 mil atualmente. As demais receitas vem através de cota de televisão, com os jogos, e através da premiação na participação em campeonatos nacionais. A cota do Campeonato Catarinense, por exemplo, é de quase R$ 100 mil/mês, mas a última parcela está suspensa em virtude da paralisação da competição, assim como o valor de placas de patrocínio no estádio, que ainda representa muito pouco perto da necessidade do time. Apesar do aumento, também, no número de pessoas que passaram a frequentar o Gigantinho, Lana diz que muitas vezes o borderô do jogo deu prejuízo. O valor recebido com sócios, cerca de R$ 24 mil/mês, também ainda é irrisório dentro da realidade do clube.

O fato é que, mesmo com o salto expressivo de receita, a situação ainda não é confortável no Brusque, segundo o diretor-financeiro. Esse ano, por exemplo, o orçamento do Brusque era de cerca de R$ 430 mil/mês de despesas, enquanto as receitas chegam, no máximo, a R$ 340 mil, o que gera um déficit mensal fixo de cerca de R$ 100 mil, segundo ele.

O principal gasto do Brusque é com folha salarial de jogadores, comissão técnica e funcionários. A maioria dos salários dos atletas gira na casa dos R$ 10 a R$ 12 mil e comprometem em torno de 70% do orçamento total. Os demais gastos são com transporte, alimentação, compra de materiais, entre outros.  “Quando falo em déficit, é porque, não contávamos com a Copa do Brasil. Nós fomos arrojados de poder fazer sabendo que havia esse déficit, mas arriscamos e deu certo. O déficit que teríamos de cerca de R$ 1 milhão acabou coberto pela Copa do Brasil. Se continuarmos nessa pegada, teremos um superávit, o que para nós será muito legal”, diz Lana.

Somente na competição nacional, o Brusque já faturou cerca de R$ 2 milhões. Por outro lado, conforme mostrou a edição impressa de Maio de EsporteSC, o clube já deixou de arrecadar, somente em abril, pelo menos, cerca de R$ 600 mil em virtude da pandemia do novo coronavírus.

O BRUSQUE EM NÚMEROS

Receita mensal fixa

Cerca de R$ 340 mil/mês (patrocinadores, placas de publicidade, sócios)

Evolução de patrocínios (Cerca de 80% da receita do clube)
R$ 120 mil – 2018
R$ 158 mil – 2019
R$ 290 mil – 2020

Receita variável
Verbas de competições, cota de televisão, bilheteria

Valor arrecadado com sócios
R$ 24 mil mês (600 sócios)

Custo fixo sem futebol
R$ 100 mil (estrutura do clube, compra de materiais, acordos trabalhistas, entre outros)

Despesa com folha salarial
Cerca de 250 mil/mês

Despesa total
Cerca de R$ 430 mil/mês