Florianópolis, a casa do Ironman no Brasil desde 2001, recebe neste domingo a 23ª edição da tradicional prova de triatlo, reunindo cerca de 2 mil atletas de 33 países. Entre eles, sete representantes de Brusque, integrantes da Atribrusque, que carregam histórias de superação, disciplina e muita paixão pelo esporte.
O Ironman impõe um desafio físico e mental extremo: são 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e, para fechar, uma maratona de 42,9 km de corrida. Para muitos, um sonho; para esses sete bravos brusquenses, um objetivo traçado com meses — e anos — de preparação.
Rafael Bertolini: “Triatlo é um estilo de vida”
Empresário de 44 anos, Rafael já completa sua quarta participação no Ironman Full. Praticante do triatlo há sete anos, ele define o esporte como um modo de viver. “Completar um Ironman me mostra a capacidade que temos de enfrentar desafios, seja no esporte ou na vida pessoal. Com treino e disciplina conseguimos realizar coisas que nem imaginávamos.”
Para ele, a corrida é a parte mais confortável — onde começou sua trajetória — enquanto a natação representa sua maior dificuldade, já que aprendeu a nadar recentemente. Ainda assim, destaca a sensação única de cruzar a linha de chegada após nadar quase quatro quilômetros, pedalar 180 e ainda correr uma maratona. “É indescritível”, avalia. “Para quem sonha com um Ironman, digo: com planejamento, disciplina, profissionais qualificados e muito treino, isso é possível para qualquer pessoa”.

Tiago Ventura: “O ciclo é transformador”
Gerente comercial na indústria têxtil, Tiago Ventura, de 43 anos, disputa seu segundo Ironman Full. Começou no triatlo em 2020 e se apaixonou pelo desafio, especialmente pela superação diária que a prova exige.
“Ano passado consegui fazer uma prova dentro do planejado, o que me deu confiança para retornar. O mais motivador é que este ano somos sete atletas de Brusque — isso me motivou, pois não estaria sozinho no ciclo de treinos.”
A preparação foi intensa: até nove treinos semanais, conciliando esporte, a família e trabalho. A corrida é sua maior afinidade, enquanto considera o ciclismo seu maior desafio, principalmente pela dificuldade de conciliar tempo para longos treinos.
“Se conseguir qualquer tempo abaixo de 12 horas, estarei super feliz. Cruzar a linha de chegada é uma das melhores sensações do mundo. Só quem passa por isso entende.”
E deixa um recado: “A preparação para o Ironman é um ciclo transformador. Você se torna mais forte, resiliente, determinado. A prova será, provavelmente, um dos dias mais felizes da sua vida”.



Maicon Souza: “Tudo é possível, basta querer”
Aos 45 anos, o empresário Maicon Souza encara seu primeiro Ironman Full após dois anos de triatlo. “O que me motiva é o desafio. Representa uma realização pessoal, espiritual e física. Um sentimento de que sou capaz de alcançar grandes sonhos.”
Ele relata que a preparação foi pesada, mas prazerosa, e que sua maior facilidade está no ciclismo, enquanto a natação apresenta mais dificuldades. “Minha meta é concluir bem, com o sentimento de que entreguei tudo que podia.”
E antecipa a emoção da chegada: “Será um misto de alegria e cansaço… será emocionante.”. Ele finaliza com uma mensagem para futuros atletas que pensam em ingressar na modalidade, que ainda é vista como um desafio para muitas pessoas. “Parece clichê, mas tudo é possível. Basta querer.”


Luiz Carlos de Oliveira: “Aprendi a correr cansado”
O empresário Luiz Carlos de Oliveira tem 41 anos e já acumula seis participações em provas Ironman 70.3, mas agora encara o desafio completo pela primeira vez. Sete anos de triatlo o prepararam para esse momento. “Sonho com o Ironman há anos. O mais difícil é alinhar vida pessoal, profissional e treinos. Desde minha primeira corrida, em 2013, sempre gostei de provas duras.”
Em números, ele mostra o tamanho da sua preparação em 2025: já pedalou 3.900 km, correu 690 km e nadou 92 km. “Minha maior força é o amor pela prova e pelo ambiente que ela cria. Minha maior dificuldade é o mar — aprendi a nadar depois de adulto”, conta.
Luiz quer completar a prova abaixo de 12 horas e diz que chegar a sonhar com o momento em que, correndo, verá sua esposa filha recém-nascida e amigos. “Quem me acompanha sabe o quanto eu me dedico para estar ali. E sempre digo a todos… Não pense na prova do Ironman. Apaixone-se pelo processo: acordar cedo, fazer esporte, dormir cedo, abrir mão de muitos encontros, amar a natureza… Quando você for essa pessoa, estará muito próximo de ser um Ironman”, afirma..



André Montibeller: “O Ironman tem uma atmosfera diferente”
Treinador de triatlo e corrida, André Montibeller, de 38 anos, é o mais experiente do grupo: fará sua sétima participação nessa distância. Ele diz que o Ironman é sempre um desafio, desde a preparação até a linha de chegada. “É preciso entender os limites do corpo e conseguir administrar até a linha de chegada. É uma prova longa, que exige muito preparo e tem uma atmosfera diferente”, observa.
Neste ano, André treinou intensamente, participou de três provas preparatórias e está confiante. “Minha meta é concluir abaixo de 9 horas”, revela, vendo na natação a sua maior força, enquanto o ciclismo exige mais estratégia. Ao cruzar a linha de chegada, diz que certamente sentirá um sentimento de gratidão e dever cumprido e aconselhe…”“Seja qual for o objetivo, com comprometimento, persistência e paciência todos conseguem. Não é fácil, mas todos chegam lá”, finaliza.



Jeferson Lana: “O dia da prova é uma grande celebração”
Pesquisador e consultor, Jeferson Lana, de 40 anos, encara seu terceiro Ironman Full, após seis anos praticando triatlo. “Gosto mesmo. Gosto dos treinos, do esporte, do dia da prova”, revela. A preparação deste ano foi desafiadora. Jeferson treinou com acompanhamento profissional, mas precisou conciliar os treinos com uma intensa rotina profissional. “Esse ano não consegui treinar tanto quanto queria por conta das demandas de trabalho, mas acho que dá pra encarar”, diz, confiante.
O ciclismo é sua maior força, enquanto a natação — historicamente sua maior dificuldade — divide espaço este ano com a corrida, que não conseguiu desenvolver plenamente. “Queria terminar abaixo de 11 horas, mas uma prova dessa tem tanta coisa que pode dar errado, que é melhor não se apegar muito a tempo. Treinei para algo abaixo de 11 horas. Se vai dar certo, só o dia dirá”, afirma;
Sobre o momento de cruzar a linha de chegada, ele resume: “O dia da prova é uma grande celebração pelo ciclo e pelo privilégio que é poder treinar tanto assim, ter apoio da família. Então a linha de chegada é um momento pra ser grato a tudo isso”. E deixa um conselho valioso: “Uma prova dessa proporção, assim como outras de endurance de longa duração, precisa de estudo. Uma boa assessoria e uma nutrição inteligente fazem muita diferença. É um sonho que, para ser realizado, demanda boas decisões na preparação.”


Julio Cesar Bork: “Anything is possible”
Médico cardiologista, Julio Cesar Bork, de 44 anos, encara seu primeiro Ironman Full após aproximadamente sete anos de prática no triatlo e várias participações em provas de menor distância. “É um desafio pessoal mesmo. Como diz o slogan da prova: ‘Tudo é possível’. Para mim representa dedicação, esforço, superação e resiliência.”
A preparação foi intensa e exigiu grandes ajustes em sua rotina. Mesmo sem alterar a agenda no consultório e mantendo o tempo para a família — esposa e dois filhos —, ele encontrou nos treinos matinais, começando às vezes às 3h ou 3h30, uma maneira de dar conta de tudo. “Conforme foi passando o tempo e aumentando o volume, vamos ganhando confiança que é possível. Mas nessa fase final fica realmente pesado. Alguns treinos com duração de 7 horas e meia. Mas está feito”.
A corrida é sua maior força, modalidade que praticava antes de entrar no triatlo. A natação e o ciclismo, que começou mais tarde, são seus maiores desafios. “A meta principal é concluir. Mas coloquei para mim: abaixo de 12 horas. Se tudo der certo, pode até ser um pouco menos”, diz ele já prevendo o momento mais esperado de todos os atletas, a linha de chegada. “[Sensação] de dever cumprido. Satisfação e, com certeza, muita alegria”, diz, com uma mensagem de incentivo. “Acredite em você mesmo. Treine diariamente e estabeleça inicialmente metas mais acessíveis. Vá criando confiança e, com o tempo, vai se sentir preparado. Aí é só se inscrever! ‘Anything is possible’”, finaliza;


