Coluna Psicologia do Esporte: Por Gustavo Assi
Na data de ontem veio a falecer um dos jogadores de futebol mais conhecido do mundo, e, sem dúvida, o maior ídolo da Argentina: Diego Maradona. Sua carreira foi marcada por muitos altos e baixos, do êxtase ao fundo do poço diversas vezes. Em alguma curva dessa montanha-russa ele se deparou com as drogas, e viu sua vida virar de cabeça para baixo ao tornar-se dependente químico. Por mais que seja trágica essa história, ela não é um acontecimento isolado no esporte. É só você procurar na internet para começar a encontrar histórias semelhantes, e algumas até mais trágicas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dependência química é considerada uma doença crônica e progressiva, que desencadeia outros quadros conforme o uso. Essa doença multifatorial é biopsicossocial, ou seja, podemos encontrar causas, e consequências do seu uso, no nosso biológico, psicológico e social. O seu tratamento deve envolver tantas frentes quanto as causas, com psiquiatra, psicólogo, educador físico, nutricionista, e entre outras profissões.
Porém, por mais grave e devastadora que seja a doença, piadas sempre pintam nas redes sociais e grupos de conversa. É verdade que usar drogas a primeira vez seja uma escolha, mas uma escolha não acontece no vácuo. Podemos traçar uma cadeia de acontecimentos que levaram a influenciar tal escolha, e ao fazermos isso nos colocamos próximos de uma pessoa que é dependente químico. Talvez seja por isso que as pessoas evitam tal análise, pois tem medo de perceber que, no fundo, não são tão diferentes.
Por fim, uma reflexão. Nos sentimos enojados quando alguém faz algum deboche de uma doença como o câncer, mas muitas vezes somos cruéis e sádicos com quem é acometido pela dependência química ou outras doenças mentais. Parece que somos parte do problema, e não da solução.