Murilo José da Silva, 72 anos, canhoto, ponta esquerda. Criado em uma família de torcedores fieis do Barroso quis o destino que ele tivesse a primeira oportunidade justamente no maior rival, o Marcílio Dias. E não foi só no juvenil. A curta carreira de Murilo como jogador profissional foi, em sua maior parte, no Marinheiro. Em 1971, com o fechamento do departamento de futebol do Rubro-anil, ele foi jogar no Ipiranga, de Rio Negrinho. O futebol na família foi algo hereditário. Pai e irmão também se destacaram como jogadores.
O sonho de ser jogador de futebol se tornou realidade, ironicamente, no maior rival do time para qual Murilo e a família torciam. Mas a vontade de ser profissional falou mais alto. “Embora fosse barrosista, a minha vontade era me tornar jogador de futebol. E como na minha época era raro encontrar canhotos, um canhoto não era difícil conseguir jogar, como até hoje, canhotos você conta nos dedos”, relata. Dessa forma, Murilo ingressava nas categorias de base do Clube Náutico Marcílio Dias.
O sucesso como profissional durou pouco. Mas não impediu o canhoto de fazer história e conquistar títulos. Na S.E. Ipiranga conquistou a Copa Norte, uma espécie de segunda divisão catarinense. Na final do torneio o time de Rio Negrinho enfrentou o Tupi, de Joinville. Murilo lembra que um empate dava o título à equipe. Mas o destino reservava emoções. O primeiro tempo terminou em 4 a 0 para o time adversário.
O Ipiranga precisava de um verdadeiro milagre. E esse milagre estava por acontecer. No segundo tempo, o time de Rio Negrinho fez dois gols. Mais ainda faltavam dois. O ex-atleta conta orgulhoso o desfecho da partida. “Com muita garra e determinação, chegamos a empatar, fiz os dois últimos gols, foi a maior festa que fizemos. Campeão”, completa.
Uma grave lesão de meniscos levou Murilo ao encerramento precoce das atividades com apenas cinco anos de carreira, em meados dos anos 70. Hoje ele está naquele que sempre foi seu time do coração, o Clube Náutico Almirante Barroso. O clube da família. Paulinho, o irmão de Murilo que também foi jogador do Alviverde entre as décadas de 50 e 60, presidiu o clube por 22 anos. O pai de Murilo, Aurino, também foi jogador profissional do Barroso.
Foto: Douglas Schinatto