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Coluna Psicologia do Esporte: Autofala

“Falar sozinho é um comportamento muito comum em nós humanos, e está presente desde muito cedo”.

por Gustavo Assi
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Quantas vezes alguém já nos pegou “falando sozinho”? Esse é um comportamento muito comum em nós humanos, e está presente desde muito cedo. Se observarmos uma criança entre 2 e 4 anos, vamos ver como ela fala consigo mesmo o que está fazendo: “Agora, vou colocar meu caminhão aqui / vou desenhar uma árvore”. Com o tempo, essa fala vai se tornando interna, até que surjam assim os pensamentos relacionados a linguagem.

           Essa forma de agir consigo mesmo pode ser nomeada de autofala, que nada mais é do que conversar consigo mesmo por meio do pensamento ou em voz alta. No contexto esportivo, essa é uma habilidade muito utilizada pelos atletas, seja de maneira saudável ou prejudicial. Ao utilizar de maneira saudável, o atleta consegue estar no controle das suas emoções, consegue se concentrar e redirecionar o foco da atenção, se motivar e planejar ou resolver problemas de maneira assertiva. Utilizado de maneira prejudicial, o atleta passa a se culpar, perde a concentração, fica desmotivado, trava e pode também acabar prejudicando o desempenho da equipe

           Existem duas formas de autofala, a instrutiva e a motivacional. Antes de uma partida, as autofalas podem ser mais longas, como “durante o jogo, vou colocar pressão na marcação”. Por outro lado, durante uma partida em esportes que precisam de uma reação mais rápida, quanto menos palavras estiverem envolvidas, mais rápido o atleta consegue direcionar sua ação. Na primeira, busca-se dar direcionamentos do que fazer. Por exemplo, em uma situação na qual o time adversário está avançando, uma autofala instrutiva poderia ser “marcação” ou “meio”, direcionando assim a atenção para a marcação do adversário ou para fechar o meio. Na segunda, o intuito é motivar o atleta a continuar. Em uma situação ruim de jogo, no qual se está perdendo, uma autofala motivacional poderia ser “garra” ou ainda “o resto do jogo começa agora”, aumentando assim a motivação do atleta em obter uma virada no resultado.

           Como sempre cito, cada esporte e cada momento exigem comportamentos diferentes. Por isso é muito importante observar quais são os momentos de descanso ou de ação na sua modalidade, para melhor adaptar a técnica à situação.

Sobre o colunista

GUSTAVO ASSI

Gustavo Assi é psicólogo formado pela Unifebe e pós-graduado em Neuropsicologia pela Uniara. Atua como psicólogo clínico e, dentre todas as demandas, atende, também, atletas por meio de consultoria em psicologia do esporte e do exercício.