Que é muito bonito ver e ouvir a torcida entoando um “Olé!”, ninguém pode negar. Mas será que uma torcida, seja contra ou a favor, pode influenciar no desempenho ou motivação em quadra ou em campo? A resposta rápida é sim, pode influenciar. Pesquisas já feitas demonstraram que a torcida a favor pode influenciar na maneira como um atleta se sente durante a partida. Muitos atletas sentem-se motivados e confiantes frente a reações de alegria e satisfação com sua performance. Por outro lado, a torcida contra pode influenciar na concentração do atleta durante o jogo, causando um desequilíbrio emocional e fazendo-o focar em estímulos não relevantes para seu desempenho.
“Muitos fatores podem estar envolvidos na forma como o atleta irá reagir às torcidas”
É importante ressaltar que muitos fatores podem estar envolvidos na forma como o atleta irá reagir às torcidas, como o relacionamento que o atleta tem e teve com os pais, as recordações, os acontecimentos, os fatos que marcaram sua vida, o modo como esse atleta foi criado e estratégias para lidar com a pressão. Além disso, muitos atletas também sentem-se motivados quando tem torcida contra. Isso demonstra a plasticidade do comportamento humano em se adaptar às situações e tirar o melhor proveito do que se tem no momento.
Em resumo, um bom autoconhecimento de sua própria história e compreensão das situações que causam desconcentração ou desmotivação colocam o atleta em posição de agir para alterar a situação. Junto disso, o atleta poderá aprender e aplicar técnicas como a autofala, ensaio mental, focalização e respiração para retomar o controle. Mas o principal talvez seja alterar a função da influência que a torcida causa em si. Em ambas as situações, torcida contra e a favor, podemos encontrar pontos positivos e negativos, basta estar aberto à essa experiência.
Mas se a presença de torcida influência em como o atleta se sente, podemos supor que sua ausência também seja um fator importante à ser analisado. Mas isso fica para outra hora.
SOBRE O COLUNISTA
Gustavo Assi é psicólogo formado pela Unifebe e pós-graduado em Neuropsicologia pela Uniara. Atua como psicólogo clínico e, dentre todas as demandas, atende, também, atletas por meio de consultoria em psicologia do esporte e do exercício.COLUNA